As ações do BCP caíram 2,66% para 1,305 euros no primeiro dia de negociação após a concretização da fusão dos títulos – reverse stock split – com cada investidor a ficar com uma ação por cada 75 detidas. Aos primeiros minutos da manhã de ontem, os títulos ainda subiram 0,70% para 1,35 euros, mas rapidamente inverteram a tendência para o vermelho, num sinal de que os investidores ainda estão a ajustar o processo de agrupamento de ações levado a cabo esta segunda-feira.
Aliás, o prazo para os acionistas do banco reagruparem a sua carteira de ações terminou na sexta-feira e incluiu também uma contrapartida de 2,57 cêntimos por título “a receber pelos acionistas pelas ações que não permitam a atribuição de um número inteiro de ação, valor este correspondente ao preço médio ponderado das ações representativas do capital social do banco no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses imediatamente anteriores à data da presente deliberação”.
Os títulos chegaram ontem ao mercado a valer 1,3425 euros, na sequência da fusão de ações que o banco aprovou a fim de responder a uma das exigências do grupo chinês Fosun para integrar o capital da instituição.
Acumular quedas Apesar da subida das ações que foi registada na semana passada, o banco liderado por Nuno Amado continua a acumular uma queda superior a 60% desde o início do ano e não tenderá a recuperar nos próximos tempos – isto porque a Fosun acabou por colocar um travão na evolução dos títulos ao anunciar que estaria disponível para investir no banco através de um aumento de capital reservado cujo preço por ação não superasse os dois cêntimos.
Aliás, por regra, esta operação ocorre em casos em que o valor unitário da ação é demasiado baixo, habitualmente de cêntimos, tal como acontecia no BCP. Através do reverse stock split reduz-se o número de ações, aumentando o valor contabilístico dos títulos.
Para que esta operação pudesse avançar foi necessária uma alteração ao Código de Valores Mobiliários, para que houvesse enquadramento jurídico para um reagrupamento de ações sem que o capital social fosse reduzido. O governo promoveu essa alteração, que teve aceitação por parte do Presidente da República em menos de 48 horas.
O grupo chinês – dono da Fidelidade e da Luz Saúde – está a negociar com a comissão executiva do BCP a concretização da compra de 16,7% do capital do banco português, podendo vir a aumentar a sua posição no futuro.
Além da fusão de títulos, os chineses pediram ao banco português que aumentasse o limite de votos de 20% para 30% e alargasse o número de membros do conselho de administração. É exatamente para isso que os acionistas do BCP vão ser chamados para uma assembleia-geral agendada para 9 de novembro próximo, dois dias depois de o banco apresentar resultados referentes ao terceiro trimestre do ano.