A decisão do governo francês de desmantelar definitivamente o campo de migrantes e requerentes de asilo de Calais, situado no norte do país, provocou reações de protesto entre as mais de 7 mil pessoas que ali residiam, à espera de uma oportunidade de poderem entrar no Reino Unido.
Segundo a televisão britânica BBC, as dezenas de incêndios que deflagraram na madrugada de quarta-feira, em várias áreas da “Selva” – nome pelo qual ficou conhecido o campo – foram o “último ato de rebeldia daqueles que não querem sair” de Calais.
O fogo destruiu grande parte das tendas e barracas do acampamento e dele resultou apenas um ferido ligeiro. O facto de os vários focos do incêndio terem deflagrado ao mesmo tempo, em zonas diferentes do campo, reforça a tese de que foi um ato organizado e não um mero acidente.
Fabienne Buccio, prefeito de Calais, não quis analisar o sucedido do ponto de vista criminoso. Em declarações à comunicação social francesa, explicou que era uma “tradição entre a população migrante de destruir as suas casas antes de partir”. Por outro lado, um membro da polícia local revelou que havia suspeitas de que o fogo tinha sido provocado por ativistas que trabalhavam no acampamento
O campo de refugiados de Calais, situado naquela localidade e onde se encontra o principal acesso rodoviário ao Reino Unido, começou finalmente a ser demolido, na segunda-feira, depois de vários anos de promessas não cumpridas por parte das autoridades francesas.
Calcula-se que mais cerca de 3500 pessoas já tenham sido desalojadas da “Selva”, com destino a vários centros de acolhimento espalhados por França.