1.A geringonça continua a surpreender. Ele é os números do Orçamento que praticamente todos (os não dependentes ou fanáticos) consideram irrealistas. Ele é a falta de transparência democrática, recusando-se até a cumprir obrigações legais para com a oposição – acaso fosse o centro-direita a assumir tal atitude, os jornais de hoje viriam cheios de acusações de fascismo.
Ele é a injustiça social gritante, dando apenas, não aos que mais precisam, mas sim aqueles de que o PS mais precisa. Precisa pra ganhar eleições, claro está. Nem José Sócrates se atreveu a tanto – que é o mesmo que dizer, até José Sócrates é mais transparente e democrata que António Costa.
2.No meio de tantas polémicas e incompetência, há um Ministério que tem passado despercebido, pese embora a dimensão das asneiras e dos erros crassos que persiste em cometer – referimo-nos ao Ministério da Educação. A Educação (todos o sabemos) é a área mais fundamental para projectarmos o Portugal que queremos ser. Para, afinal de contas, sabermos que o que fazemos hoje valerá a pena – porque o amanhã, o futuro, será melhor. Melhor porque melhores serão as gerações que nos seguirão.
Ora, o Ministério da Educação geringonçado, liderado pelo comunista Mário Nogueira, tem-se pautado pela sua actuação errática, fanaticamente ideológica, ao serviço das clientelas políticas que sustêm as forças políticas que tomaram conta do Ministério. Quem se prejudica? Os pais e, sobretudo, os seus filhos, que estudam para saber mais de facto, e não apenas estatisticamente.
Os seus filhos que merecem uma educação exigente, porque só pela exigência se poderão tornar ambiciosos e querer saber mais, mais e mais. E o conhecimento é vital na economia do mundo globalizado em que vivemos – e queremos continuar a viver.
3.Pois bem, este Ministério da Educação geringonçado, à la Mário Nogueira, reverteu a exigência de exames nacionais no final de cada ciclo, substituindo-os por umas vagas provas de aferição (que nem os próprios alunos levam a sério!) que não contam para rigorosamente nada.
É uma brincadeira – e só para ser diferente do Governo anterior, Mário Nogueira decidiu que estas provas a fingir fossem nos anos intermédios. Porquê? Para quê? Ninguém sabe.
Nem se pergunte acerca da racionalidade de tal decisão – obviamente, é uma medida puramente política, contrária a todos os elementares (e sãos) critérios pedagógicos.
A sua única motivação é política – agradar aos sindicatos e enganar os portugueses sobre a real evolução da educação portuguesa. Uma fraude, portanto. Pena é que quem vai pagar a factura, serão os seus filhos, os seus netos, os seus bisnetos. E a factura será tão mais cara, quanto mais tempo permanecer Mário Nogueira como Ministro da Educação de facto.
4.Desta feita, Mário Nogueira teve a brilhante ideia de mudar, mais uma vez, uma medida legislativa de Nuno Crato, segundo a qual a Educação Física só é contabilizada, para efeitos de acesso ao ensino superior, quanto aos cursos de Desporto.
Quanto aos demais, a Educação Física é excluída da média ponderada que permitirá ao aluno concorrer ao Ensino Superior. Eis uma decisão racional, prudente, sensata – que qualquer pessoa racional, não movida por interesses próprios ou fanatismos, subscreve sem dificuldades.
5.Pois é – mas Mário Nogueira, e a sua equipa socialista e proto-comunista do Ministério da Educação, não se pautam pela razão; antes preferem o sectarismo, o fanatismo e o egoísmo, sacrificando o interesse público e os direitos dos nossos estudantes.
Donde, este nosso Ministro da Educação resolveu reverter (mais) esta decisão de Nuno Crato, impondo novamente a nota de Educação Física no cálculo da média para aceder ao Ensino Superior. Que, em Portugal, sempre mereceu duras críticas de toda a gente – excepto de Maria de Lurdes Rodrigues (essa brilhante e muito séria Ministra da Educação!) e dos próprios professores de Educação Física (mesmo assim, nem todos!). Impressionante!
6.Nós até duvidamos que a equipa de Mário Nogueira no Ministério da Educação, pense antes de decidir. Porque se pensassem um segundo sobre o disparate que estão a fazer – rapidamente recuariam. Rapidamente, concluiriam que a medida que pré-anunciaram é um rotundo disparate.
Os argumentos para justificar a medida são geniais: primeiro, porque os professores de Educação Física pediram; segundo, porque a Educação Física é uma via fácil de aumentar a média dos alunos. Como? Será possível? Pela primeira vez na história da Educação , alguém com responsabilidades no Ministério admite que toma uma decisão para inflacionar a nota dos alunos! O que é isto? É uma fraude, que torna o sistema de ensino – algo muito sério! – numa brincadeira. À mercê das brincadeiras de Mário Nogueira.
6.1.E o problema é que esta medida pode prejudicar a carreira, os sonhos e o futuro de muitos jovens portugueses. Imagine-se um aluno que quer entrar em Medicina: tem média 19, 20 a Matemática e 13 a Educação Física. Ora, num curso como Medicina, que é disputado à décima (senão mesmo á centésima), a nota de 13 a Educação Física vai afastar este aluno (genial) do curso!
Resultado: Portugal vai perder um médico, um quadro brilhante em cuja formação investiu – e este nosso jovem vai genial vai estudar para Espanha, para a Polónia ou para a República Checa. Provavelmente, nem voltará ao nosso país…
Nós queremos ver a cara de Mário Nogueira – e do seu ajudante de campo, Tiago Brandão Rodrigues – a explicar a este jovem (e a todos os portugueses!) que não ingressa no curso dos seus sonhos porque…não sabe fazer a cambalhota à rectaguarda ou a cambalhota para a frente! Ou o pino ou andar de patins! Isto já para não dizer que muitas escolas nem têm condições para assegurar regularmente aulas de Educação Física!
6.2. Só em Portugal é que se acha que dignificar o desporto e promover atletas de competição – é fazer a disciplina de Educação Física contar para o acesso ao ensino superiro! Ui, estamos todos a ver Cristianos Ronaldos e Nélsons Évoras a despontar nas nossas escolas! Agora sim: dignificamos o desporto! Por amor de Deus! Patético – não há outro adjectivo que permita descrever isto…
7.Perguntamos: o que diz o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre esta decisão? Será coerente com o que defendeu no passado, chamando à atenção para o ridículo que é, travando a sua entrada em vigor – ou fará também uma cambalhota, mudando radicalmente de posição?
Isto porque Marcelo Rebelo de Sousa já se pronunciou sobre a inclusão da Educação Física para efeitos de acesso ao Ensino Superior: em 2006, no seu “Blogue” aqui no SOL, Marcelo Rebelo de Sousa escreveu que “ amigo informa-me que Educação Física passará a contar para a média de acesso ao Ensino Superior. Será possível?”. Oxalá o Presidente Marcelo, em 2016 – não esqueça o comentador Marcelo de 2006.
8.Bem vistas as coisas, esta decisão de Mário Nogueira e do seu ajudante, Brandão Rodrigues, não é surpreendente – é um retrato fiel da dinâmica da geringonça. Se há algo em que António Costa e Catarina Martins se têm revelado especialistas é na qualidade das cambalhotas que dão – conseguem dizer tudo e o seu contrário em poucas horas. António Costa diz que apresenta Orçamento de Esquerda, em Lisboa – e depois diz que tem Orçamento moderado, na linha dos anteriores, em Bruxelas. Haverá cambalhota mais difícil do que esta?
9.Catarina Martins diz que não está no Governo, que discorda dos compromissos orçamentais, que mantém a identidade do BE – mas segura o Governo de António Costa e o BE já perdeu o fulgor contestatário de outros tempos. Haverá cambalhota mais perfeita do que esta? 20 valores para Catarina Martins a Educação Física, na arte da cambalhota!