Portugal continua a somar recordes e expetativas positivas quando o tema é turismo. De acordo com o barómetro setorial, os operadores turísticos não podiam estar mais otimistas na projeção do que serão os próximos seis meses e assumem que tanto o Natal como o Ano Novo trarão mais receitas, dormidas e turistas do que em igual período do ano passado.
De norte a sul do país, os vários operadores acreditam que tanto a procura externa como o investimento privado deverão subir. No caso do Algarve, por exemplo, Elidério Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), explica que “é preciso ter em atenção que quando se fala em bons números no turismo nem sempre se fala de reflexos diretos para as empresas”, mas, ainda assim, admite que “a procura tem subido”. Para o responsável pela AHETA, falamos mesmo de um crescimento em muito superior ao que era esperado. “Os resultados foram bons e isso reflete-se na taxa de ocupação e no volume de vendas”, esclarece.
Com o Algarve a conseguir uma recuperação de preços, as previsões para os próximos dois anos são animadoras. “Há uma grande instabilidade nos destinos concorrentes – principalmente no norte de África – e isso faz com que haja uma mudança nos fluxos. Temos conseguido bons resultados também por causa disso”, admite Elidério Viegas.
A verdade é que as várias regiões do sul do país costumam, todos os anos, entrar na lista de preferências dos portugueses e também de alguns turistas estrangeiros. Já no ano passado, Natal e Ano Novo fizeram com que os empresários do Algarve sentissem “um aumento do volume de negócios superior às taxas de ocupação, com uma recuperação de preços”.
Além da Madeira e do Algarve, existem destinos em Portugal que costumam fazer parte das escolhas dos portugueses nesta altura do ano. É o caso da serra da Estrela e da região do Douro, que no ano passado registaram uma grande procura.
Mercado externo é esperança Com base no barómetro setorial, 80% dos operadores que foram ouvidos afirmam que, graças ao aumento da procura externa, tanto o Natal como a passagem de ano deste ano vão ser muito melhores.
A reforçar a perspetiva positiva dos operadores nacionais, de referir que o índice de confiança médio no desempenho do setor atingiu, em setembro deste ano, o valor mais alto desde 2010: falamos de 83,6 pontos.
A verdade é que Portugal nunca recebeu tantos turistas como este ano. E os números falam por si: só nos primeiros seis meses de 2016 recebemos mais de 10,6 milhões de turistas nas cidades portuguesas, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Este crescimento foi praticamente comum em quase todas as zonas do país, mas ganhou um maior relevo no Algarve, que alcançou este verão o melhor ano de sempre em termos turísticos. A ocupação atingiu praticamente os 100% e a região foi invadida tanto por turistas portugueses como por estrangeiros. Sol, verão e praia são cada vez mais sinónimos deste destino.
Terrorismo muda fluxos A palavra terrorismo chegou ao dia-a-dia da Europa como nunca tinha acontecido antes. Com ataques que se somam em diferentes países do centro europeu, a sensação de segurança acaba por ditar os destinos escolhidos quando chega a hora de viajar. Ao i, Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, não esconde que, com os atentados terroristas, Portugal pode ter acabado por sair beneficiado enquanto destino turístico.
A Turquia é um dos exemplos do impacto negativo que os ataques têm neste setor. Só desde o início deste ano, a Turquia já registou vários ataques, o que complica a realidade do país, que vê no setor do turismo uma das principais fontes de rendimento. Em apenas alguns meses, os ataques em Istambul e Ancara fizeram centenas de mortos e feridos e levaram a uma preocupante mudança no panorama do turismo do país. Na sequência dos ataques neste destino, o número de chegadas atingiu o nível mais baixo das duas últimas décadas. Aliás, os exemplos mais recentes mostram que, a seguir a um ataque terrorista, há sempre uma queda inevitável na procura dos destinos. Paris é um outro exemplo.