Esta recusa obrigou-a a correr cursos e cursos, em busca de uma carreira. Em busca de si. Acabou por se encontrar nas casas de fado e num revelador encontro com o produtor e compositor argentino Gustavo Santaolalla, que produziu o seu primeiro álbum.
Resistiu aos preconceitos de quem não a considerava digna do fado. E seguiu em frente. Hoje, digam o que disserem, Cuca Roseta é fadista. E nada nem ninguém a afastará deste estilo tão português. Se for preciso levanta a voz para o afirmar.
Será a primeira vez no palco dos Coliseus – a 5 de novembro em Lisboa e a 12 no Porto –, sozinha e em nome próprio.
Sim. Já cantei nos Coliseus a convite de outros, como o Stewart Sukuma, e já lá fui milhares de vezes ver concertos. Mas nunca lá dei um concerto. Sempre que lançava um disco perguntavam-me se queria fazer os Coliseus, e eu disse sempre que ainda não me sentia preparada. Agora, prestes a lançar o meu quarto disco, senti que era a altura certa. Mas estou a preparar um concerto diferente daquilo a que as pessoas estão habituadas.
Ter tido um ano em que correu o país e deu mais de 150 concertos faz com que chegue aos Coliseus mais segura?
Sem dúvida. Sobretudo eu, que sou muito tímida. Apesar de precisar de me expressar de uma forma artística – seja através da música, da dança, da pintura – sou muito tímida e preciso de me ir sentindo segura para me entregar. A diferença do primeiro concerto deste ano para o último é enorme. A partir do momento em que me sinto mais segura, sinto mais o palco como minha casa e entrego-me mais. E acho que esse é o objetivo e a nossa responsabilidade. Sobretudo para quem é fadista, porque nós fadistas temos de encontrar a nossa verdade e temos de ser capazes de a partilhar.
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