Uma aliança de grupos rebeldes dentro e fora de Alepo iniciou ontem uma grande ofensiva contra as linhas do regime que cercam os bairros da oposição há mais de dois meses. O dia começou com dezenas de rockets lançados contra a base aérea de Nairab, controlada pelo Governo, grandes colunas de veículos militares enviados desde os territórios rebeldes de Idlib, a Oeste, e pelo menos dois carros armadilhados conduzidos por atacantes suicidas. A meio da tarde de ontem, várias fações rebeldes reclamavam avanços de algumas centenas de metros contra o exterior do anel que cerca os bairros da oposição, onde vivem mais de 250 mil pessoas quase sem acesso a cuidados médicos, alimentação e, em alguns casos, água potável.
Moscovo e Damasco afirmam que há mais de dez dias que os seus caças não bombardeiam os bairros rebeldes durante o dia, tentando assim conseguir que as Nações Unidas enviem ajuda humanitária para os residentes no lado da oposição. A_ONU, no entanto, não conseguiu ainda enviar ajuda ou resgatar quaisquer feridos, culpando ambos os lados do conflito de falta de segurança. Ontem, meios de comunicação russos anunciavam que Vladimir Putin poderia retomar os bombardeamentos diante da nova ofensiva rebelde, em que participa, entre outros grupos, o satélite da Al-Qaeda na Síria, a Fateh al-Sham. Esta pode ser uma última tentativa rebelde de quebrar o cerco antes da chegada do porta-aviões russo ao Mediterrâneo, de onde pode dar apoio a uma eventual campanha de reconquista total de Alepo. O navio, porém, está ainda retido por falta de combustível – depois da Espanha, Malta anunciou que não iria reabastecê-lo.
Antes do começo da campanha rebelde, uma série de rockets lançados na quinta-feira contra bairros do Governo atingiram uma escola, matando seis crianças – um dia antes, ataques aéreos sírios contra uma escola em Idlib mataram mais de 20 crianças.