Staffan de Mistura disse-se este domingo “perplexo e chocado” com o disparo indiscriminado de rockets contra zonas residenciais nos bairros de Alepo controlados pelo regime. De acordo com o enviado especial das Nações Unidas para a Síria, já morreram dezenas de civis atingidos com rockets e artilharia pesada desde que na sexta-feira vários grupos rebeldes começaram uma grande operação para tentarem acabar com o cerco de dois meses aos seus bairros em Alepo
“Aqueles que argumentam que estas ações se destinam a acabar com o cerco aos bairros do leste de Alepo devem ser recordados que nada justifica ataques desproporcionais e indiscriminados, em que o uso de armas de grande envergadura contra zonas civis pode equivaler a crimes de guerra”, afirmou De Mistura, num dia em que o regime anunciava que os seus militares em Alepo tinham sido também atingidos com armas químicas.
Em dois dias de operações de grande envergadura, com uso de carros conduzidos por bombistas suicidas, dezenas de tanques, veículos blindados e artilharia pesada, a aliança entre rebeldes extremistas e não extremistas que combatem na zona de Alepo fez pouco para quebrar o cerco à zona leste da cidade. Os combatentes rebeldes – entre os quais opera o satélite da Al-Qaeda na Síria – atacam o exterior do anel do cerco, desde Idlib, a oeste de Alepo, onde detêm vastas áreas de terreno e operam com alguma liberdade.
A operação iniciada na sexta-feira parece ter sido desenhada como uma última grande tentativa rebelde para recuperar o controlo das passagens para os seus bairros antes da chegada do porta-aviões russo ao Mediterrâneo, símbolo de que o regime pode estar a preprar uma grande ofensiva que lhe dê o controlo de toda a cidade.