Foi em 1998 que fiz as minhas primeiras férias intercontinentais, para Cuba. Eu e a minha ex-mulher vivíamos em Bruxelas, numa fase da nossa vida em que tínhamos de ser extremamente cautelosos com os gastos. Mas a minha ex-mulher descobriu um bom negócio numa agência de viagens perto de nossa casa: duas semanas em Cuba, com tudo incluído, num hotel de três estrelas com boas condições, por 44.000 francos belgas (220 contos ou, na moeda de hoje, 1090 euros). Ela tinha ganho algum dinheiro num trabalho temporário, e eu tinha vendido umas ações em bolsa com um bom lucro, por isso decidimos ir. Foram das melhores férias da minha vida.
Nos três anos seguintes, a nossa situação financeira melhorou, pelo que só não viajámos mais porque não tínhamos dias de férias suficientes. De toda a maneira, passámos a ser bons clientes do operador turístico, que começou a enviar-nos para casa os catálogos de viagens, gratuitamente. Foi aí que comecei a comparar preços. Por exemplo, vi que uma viagem à Venezuela custava o mesmo partindo de Lisboa ou de Bruxelas; a diferença era que saindo de Lisboa a estadia era de uma semana, enquanto de Bruxelas era de duas semanas. Ou seja, viajando a partir de Portugal pagava-se o dobro.
Não sei porque razão as viagens ao estrangeiro vendidas em Portugal são tão caras comparando com outros países europeus. Uma possibilidade é que, como têm poucos clientes, os operadores turísticos nacionais não tenham força suficiente para negociar preços mais baixos com as cadeias de hotéis e com as companhias de aviação. Outra hipótese é que, por temos poucos operadores, a falta de concorrência impeça os preços das viagens de descerem. Pode ser uma combinação de fatores, ou outras razões que eu desconheço.
Agradeço, pois, que os leitores me expliquem porque é que as viagens a partir de Portugal são tão caras, tornando impossível, por ser exorbitante, que uma grande parte da população portuguesa não possa gozar um dos melhores prazeres da vida, que é viajar.
Obrigado pelas vossas contribuições, e bem hajam.