Duas semanas depois de se ter dado início à maior batalha no Iraque, desde o fim da invasão norte-americana, e após sucessivas conquistas militares das vilas e aldeias dos arredores de Mossul – a joia da coroa do território que resta ao grupo terrorista Estado Islâmico -, os exércitos invasores estão a escassos quilómetros dos limites da cidade, pela primeira vez em dois anos.
Desde o início da ofensiva contra Mossul que se adivinhava que, com maiores ou menores dificuldades, o avanço pela periferia seria rápido e eficiente. Mas no início da semana começou uma nova e, seguramente, mais decisiva fase nos combates.
O exército iraquiano iniciou um incisivo ataque pela zona oriental da cidade e anunciou, na terça-feira, ter tomado o bairro de Judaydat al-Mufti, a cerca de 3 quilómetros do aeroporto. Para além disso, uma outra frente de combate terrestre irrompeu pelo distrito de Dweikhlah, com objetivo de desbaratar os combatentes do grupo terrorista. A juntar aos avanços de tropas pelo terreno, a coligação área liderada pelos EUA está a bombardear posições do Estado Islâmico em Gogjali. “Eles não têm hipóteses. Ou se rendem ou vão morrer”, tinha avisado, na segunda-feira, o primeiro-ministro iraquiano numa emissão conduzida pelo canal de televisão estatal, citado pela Al-Jazeera. Haider al-Abadi mostrou-se confiante numa resolução rápida do conflito armado e revelou ainda que as autoridades do Iraque calculam que 3 a 5 mil militantes extremistas separam, nesta altura, o exército do centro de Mossul.
De todas as forças envolvidas no ataque à segunda maior cidade do Iraque, o exército local é mesmo aquele que está mais perto de lá entrar efetivamente. Noutras áreas envolventes de Mossul combatem ainda soldados curdos, tribos sunitas, combatentes xiitas, pelo que, no total, as forças da reconquista chegam quase aos 50 mil homens.
Tudo em redor da tomada Mossul, dos combates contra o Estado Islâmico e das terras que são reconquistadas tem uma carga simbólica enorme para os diversos atores em jogo, ou não fosse a cidade nortenha – invadida e conquistada em 2014 – o último bastião iraquiano controlado pelos terroristas e um dos locais de maior relevância para o projeto de recriação de um califado. Nesse sentido não se estranha a confiança revelada pelo tenente-coronel Taleb Shagati, após a tomada da antiga sede da televisão de Mossul, no bairro oriental de Kukyeli. “Tomar a televisão (…) significa tomar a cidade”, afiançou, citado pelo “El País”, confiante numa cavalgada triunfante até ao centro.