É verdade que foi o Rei D. Fernando II que trouxe a tradição da árvore de Natal para cá?
Ao que parece, sim. Até temos alguns desenhos [de árvores de Natal] feitos por ele. E nós fazemos gala em ter no Salão Nobre, todos os Natais, uma árvore à D. Fernando.
O que é uma ‘árvore à D. Fernando’?
É um pinheiro ou abeto – são árvores muito parecidas – pequeno, com um metro e meio. Já tivemos alguém que nos disse que tínhamos uma árvore muito raquítica… Pois, mas se for ver as árvores de Natal do príncipe Alberto ao tempo da Rainha Vitória são exatamente iguais: uma árvore não muito grande, colocada em cima de uma mesa com uma toalha e com peras e maçãs penduradas – nós pomos coisas de plástico, que é muito feio, mas não podemos ter fruta no polo museológico, porque apodrece e traz bichinhos. Portanto temos fruta e figuras humanas, que não percebemos se são brinquedos – julgamos que sim – e na base da árvore os brinquedos para as crianças desembrulharem.
Essa árvore tem algum significado especial?
A árvore de Natal tem uma simbologia muito germânica. Repare que ela aparece no período do ano de maior escuridão e do clima mais difícil, que é o solstício de inverno, a 21 de dezembro. E tem uma coisa engraçadíssima, que é a evocação das maçãs de Freyja, uma deusa nórdica cujas maçãs davam a imortalidade aos deuses. Ao mesmo tempo, os frutos – que depois deram aquelas bolas que hoje ainda lá colocamos – são uma memória do tempo de fertilidade que a primavera, o verão e mesmo o outono representam. É essa árvore que o D. Fernando traz, e é essa árvore que agora todos colocamos em casa ao lado do presépio, que esse sim, é uma tradição nossa.