Como grande parte dos favoritos – Tiago Pires, Nic Von Rupp ou Ruben Gonzalez – também Bruninho voltou para a areia da Praia do Norte cedo demais. Mas saiu com o ordenado mínimo da competição – com a conquista do Nixon Wipeout, prémio que lhe valeu 500 euros. Com um estilo descontraído e de cerveja na mão mostra que mais importante do que saber ganhar, é saber perder. Em jeito de provocação perguntamos-lhe o que aconteceu para a eliminação precoce, na terceira ronda. Baixa a cerveja depois dar um gole e responde, tranquilo, que a “excelência dos 16 surfistas neste tipo de ondas torna a competição mais difícil.”
No surf o timing pode ser decisivo e Bruninho não esteve no “sítio certo à hora certa”, mas em momento nenhum se lamenta ou arranja desculpas por não ter ido mais longe. “Apesar das condições estarem muito boas e até conseguir apanhar boas ondas houve momentos em que errei, não foi o meu dia”, diz sem rodeios e sem grandes preocupações em tentar encontrar culpados. Antes que a conversa continue e siga outro rumo, avisa que “se tudo correr bem para o ano está de volta à Nazaré”
Sangue português: fala como se fosse português, porque “é um cidadão português”. Tem família em Portugal e diz, com orgulho, que tem “Almeida” e “Santos” no nome. Elogia a “costa maravilhosa” do país e as “ondas perfeitas”. Nazaré, Peniche, Ericeira ou Ribeira d’Ilhas são exemplos de spots que lhe saem sem grande esforço quando lhe pedimos para selecionar algumas praias de eleição. “Mas há mais” diz, antes de voltar a dar um gole na cerveja.
Apesar de dominar a costa portuguesa foi no Brasil que a relação com a prancha apareceu, como uma espécie de “amor à primeira vista”. Tinha 11 anos quando se inscreveu numa escola de surf e a partir daí nunca mais parou…
Nunca foi uma grande promessa ou um nome colocado em cima da mesa para vencer um campeonato mundial, fatores que não incomodam Bruninho porque o seu forte são “as ondas tubulares”. Não vive de arrependimentos e se pudesse voltar atrás “não mudaria nada”.
Bruninho apresenta-se com o tão característico estilo carioca – embora também seja português! – e a vida para ele é surf. E surf define-se por “um pouco de tudo: paixão, hobby, profissão, estilo de vida”.
É fã assumido de Nic Von Rupp, “um excelente free surfer, apesar de não estar a ir muito bem nas competições” e considera que Portugal está no “rumo certo para expandir a modalidade. Há incentivos e apoios à competição”, fatores que considera essenciais.
Voltar a Portugal “será um prazer” e Bruninho segue na onda de Aritz, Balaram, ou do também brasileiro Pedro Scooby. Todos os caminhos vão dar ao Havai.
Scooby, “o melhor perdedor” Se não é característica assente nos brasileiros, parece. Scooby, um dos substitutos, aterrou “meia hora antes do arranque da competição”e surfou quatro baterias. Conta-nos que lhe perguntaram porque é que na meia-final “não marcou os caras”, uma decisão que permitiu que Dylan Graves se apurasse para a final.
Admitiu que ficou assustado com a pergunta e esclareceu que “aqui [Nazaré] não é campeonato cara, isso aqui é para a galera curtir pegando tubo”. Uma atitude que lhe valeu o prémio de Best Looser, no mesmo valor que o compatriota Bruninho – 500 euros.