O atual diretor de programas da RTP, Daniel Deusdado, só pode produzir para a televisão estatal o programa Bioesfera que já tinha sido contratado antes da sua nomeação para o canal do Estado. Este programa é considerado uma exceção, uma vez que, já era produzido na altura da sua nomeação. A garantia é dada pela administração da RTP ao Conselho Geral Independente (CGI), dizendo ainda que foram dadas “orientações internas” para que as produtoras ligadas a Daniel Deusdado e seus familiares “não realizem quaisquer programas para a RTP, mesmo que a custo zero”.
A resposta consta do relatório feito pelo CGI ao grupo parlamentar do PSD que exigiu esclarecimentos da RTP sobre as denúncias de promiscuidade entre a administração e empresas de produção das quais são sócios os responsáveis do canal público feitas por Luís Marinho numa entrevista ao i, em setembro, após a sua saída do grupo onde trabalhou 15 anos.
Na altura, os sociais-democratas pediram um “inequívoco esclarecimento” por parte dos responsáveis da televisão do Estado, porque consideraram que as declarações feitas por Marinho “permitiam suscitar dúvidas sobre o funcionamento da RTP e do seu Conselho de Administração em particular”. Luís Marinho criticou o facto de Nuno Artur Silva acumular o cargo da RTP com o de dono de um canal de cabo (canal Q) e de Daniel Deusdado, diretor de programação do canal público, ter uma produtora em nome da mulher – que vende programas à própria RTP. Uma situação que, no seu entender, é eticamente “absolutamente reprovável”. Estas revelações sobre as relações entre administradores e diretores e as empresas de produção de que são sócios levarazm o PSD a pedir esclarecimentos. S. P. P.