isboa conquistou o lugar que outras cidades queriam: a cimeira Web Summit vai realizar-se na capital portuguesa este ano, assim como nos próximos três. Só para este ano de estreia as previsões são as melhores. Lisboa prepara-se para receber mais de 165 nacionalidades, num evento de grande peso económico.
A Web Summit nasceu em 2010 na cidade de Dublin e a tradição dita que signifique um encaixe de milhões na economia. Na Irlanda, de acordo com a imprensa especializada, o evento criou cerca de 150 postos de trabalho e teve um impacto na ordem dos 100 milhões de euros na economia irlandesa. E a verdade é que os números têm tudo para impressionar e animar os portugueses. Estima-se a economia portuguesa lucre mais de 175 milhões de euros com a Web Summit. Mais o que entrará logo no imediato: as previsões apontam para um encaixe de 200 milhões de euros em hotéis, restaurantes e outros serviços.
O berço que ficou a perder
A primeira conferência aconteceu em Dublin, numa altura em que o nome da cidade fazia parte do próprio nome: Dublin Web Summit. Foi fundada por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Helly e a evolução foi mais rápida do que muitos esperavam. O que começou com uma equipa de apenas três pessoas passou rapidamente a uma organização com mais de 150 colaboradores.
Quando Lisboa se começou a preparar para receber o evento, o primeiro-ministro irlandês apressou-se a reagir e não podia ter mostrado maior desilusão por ter perdido a conferência. Enda Kenny sublinhou que o evento sempre foi “muito bom para a Irlanda e a sua reputação nos últimos anos”. Ainda que tenha admitido que a “Irlanda vai seguir em frente”, garantiu que espera que a Web Summit “possa regressar ao país”.
Lisboa "no mapa"
Na altura em que Lisboa foi apontada como a cidade escolhida para receber o evento, a imprensa internacional chegou mesmo a dar Dublin como a grande derrotada. A “Bloomberg” escrevia “Dublin perde para Lisboa a Davos para geeks” e até o “Irish Independent”, na Irlanda, dizia que Dublin tinha perdido “a prestigiante Web Summit para Lisboa”.
A ganhar ficou a capital portuguesa que acabou por derrotar outras cidades como Amesterdão, Barcelona ou Paris.
Com Lisboa a apostar todas as cartas em aliar a tradição à inovação, a ideia é que Portugal consiga aproveitar a enchente que aí vem e assim consiga fidelizar e “criar um efeito” nos milhares que visitantes que vão ver Lisboa pela primeira vez. No entender de Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo, acima de tudo, a “Web Summit coloca Portugal no mapa”. Para muitos, esta é também e, sobretudo, uma oportunidade para trazer novos residentes à cidade.
“Se a Web Summit tiver o sucesso que esperamos, que nos permita aumentar a comunidade de empreendedores estrangeiros fixados em Lisboa, eles vão ter de encontrar algum lugar para viver”, admitiu recentemente Manuel Salgado, vereador para o Urbanismo da autarquia lisboeta. Até porque, recorda, “estamos num processo de transformação da cidade de Lisboa. E um processo de transformação é imparável e irreversível”.
Mas o otimismo é comum aos mais variados setores e todos aguardam pelos efeitos que se vão sentir em Portugal.
Também Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, elogiou desde cedo o facto de Lisboa ter sido o palco escolhido para acolher a conferência. Para o responsável pela pasta da Economia, a Web Summit deve servir para transformar as ideias em valor económico para Portugal, até porque se trata de uma oportunidade “única para mostrar um Portugal diferente”. Acima de tudo, para Manuel Caldeira Cabral, é agora “preciso transformar isto em valor económico para o país e perceber a melhor forma de produzir valor em Portugal”. E para o ministro não é de surpreender que Lisboa tenha sido escolhida para receber o evento que tantos desejavam. “Estamos a atraí-los por diversas razões: porque temos um sistema de financiamento, um cenário competitivo para as startups, mas também devido ao estilo e qualidade de vida que os empreendedores encontram aqui”.
E a verdade é que Lisboa está nas bocas do mundo. Um trabalho recente do “The Guardian” considera mesmo que a capital portuguesa será a próxima capital tecnológica. Para o jornal inglês, as comparações possíveis entre Lisboa e São Francisco são as mais variadas e vão muito além da ponte 25 de Abril.
Tudo começou com um e-mail
Falamos da maior conferência de empreendedorismo e tecnologia do mundo e de uma luta entre várias cidades que a queriam receber. Mas como veio parar a Lisboa? Através de um simples e-mail.
A 2 de março do ano passado, o Turismo de Lisboa recebeu um e-mail a perguntar se haveria interesse em conversar sobre a possibilidade de Lisboa receber a conferência. E foi este e-mail que marcou o início do processo de candidatura para receber a Web Summit.