A equipa de Sérgio Monteiro já começou a analisar as cinco propostas que recebeu para a compra do Novo Banco. Mas o governo deixou bem claro que quer o dossier fechado até ao final do ano. Tanto que o contrato do ex-secretário de Estado do PSD foi prolongado até ao final de janeiro pelo Banco de Portugal, data em que se prevê que a operação esteja fechada. E caberá a este assegurar que o comprador tenha um plano e condições para reforçar os rácios de capital do Novo Banco, respondendo às exigências em matéria de regulação impostas pelo Banco Central Europeu. Após a análise do Fundo de Resolução, o dossiê de venda irá passar para as mãos do governo para que este tome a decisão final.
O que é certo é que, se a instituição financeira não for vendida até ao final de dezembro, terá de ser levada a cabo uma redução de mais 500 trabalhadores, mesmo depois de o presidente do banco, António Ramalho, ter dito no Parlamento que o plano de reestruturação estava concluído.
Propostas O prazo para a entrega das propostas terminou na sexta-feira passada às 17h e, ao início da noite, o Banco de Portugal anunciou que tinha recebido cinco propostas. “O Banco de Portugal recebeu cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda – Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado –, cuja análise agora se inicia à luz dos critérios estabelecidos nos respetivos cadernos de encargos, divulgados no passado mês de abril”, revelou em comunicado, sem adiantar nomes.
Em causa estarão as ofertas dos cinco candidatos já conhecidos: BCP, BPI, Apollo/Centerbridge, Lone Star e China Minsheng. Este último interessado na venda em mercado.
Recorde-se que em cima da mesa está a possibilidade de o Novo Banco ser vendido como um todo ou em alternativa haver uma entrada de investidores através de um aumento de capital. A meta da venda do Novo Banco é simples: conseguir o maior encaixe possível na operação, uma vez que o vendedor já injetou 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco, dos quais 3,9 mil milhões de euros foram financiados pelo Estado.
Surpresas O BCP optou por não fazer qualquer alteração à proposta que já tinha apresentado em julho. Ainda assim, mantém-se na corrida apenas com a sua manifestação de interesse, sem indicar um valor. Mas o banco de Nuno Amado encontra-se atualmente a braços com a entrada do grupo chinês Fosun no seu capital. Aliás, esta semana vai realizar a assembleia-geral do banco que vai votar a subida do limite dos direitos de voto no banco de 20% para 30% e o alargamento do conselho de administração para acomodar a entrada de representantes do conglomerado chinês. Fica depois a faltar a autorização do Banco Central Europeu.
O regulador também esperava receber uma oferta do BPI, alvo de compra do CaixaBank, que acabou por se concretizar. Ainda na semana passada, Fernando Urich garantiu que iria entregar uma proposta vinculativa ao Fundo de Resolução para comprar o Novo Banco, garantindo ainda que tinha “todo o suporte do CaixaBank”.
O banco de Fernando Ulrich encontra-se sob pressão de capital devido à OPA dos catalães, que foram obrigados a subir a contrapartida de 1,113 euros para 1,134 euros por ação, após a desblindagem dos estatutos do BPI. Uma situação que obrigou o CaixaBank financiar-se com a venda de ações próprias para não prejudicar os rácios de capital e cumprir as metas definidas no seu plano estratégico.