Esta noite, Donald Trump vai surpreender!

Esta noite será muito longa. Vai haver pouco (ou, no nosso caso, nenhum) sono – mas muita ansiedade e até emoção. Ansiedade para saber quem será o líder do mundo livre nos próximos quatro anos. Será a experiente, pouco carismática, muitíssimo preparada, pouco criativa e enérgica, a continuadora das políticas essenciais da administração Obama, Hillary…

Esta noite será muito longa. Vai haver pouco (ou, no nosso caso, nenhum) sono – mas muita ansiedade e até emoção. Ansiedade para saber quem será o líder do mundo livre nos próximos quatro anos. Será a experiente, pouco carismática, muitíssimo preparada, pouco criativa e enérgica, a continuadora das políticas essenciais da administração Obama, Hillary Clinton?

Ou será o excessivo, obsessivo, dinâmico, empresário de sucesso e um verdadeiro capitalista, com alguns defeitos de carácter – Donald J. Trump? Saberemos lá por volta das 3h00 – e já sabe que o melhor sítio para acompanhar, ao pormenor, as incidências da noite eleitoral de hoje na grande Nação americana é aqui, no SOL. Mesmo de madrugada, o SOL não se põe; vai, antes, iluminá-lo nesta noite decisiva para o mundo livre.

Em jeito de prognóstico e guia pragmático para seguir as eleições, deixamos aqui cinco tópicos fundamentais, os quais serão confirmados, ou infirmados, cabalmente nas próximas horas:

1)Será uma eleição muito disputada, em que o vencedor sê-lo-á por uma margem curtíssima. Quer em número de votos, quer sobretudo em número de delegados no colégio eleitoral, que decidirá quem será o próximo Presidente dos Estados Unidos da América. O que mostra a divisão da sociedade americana e a necessidade premente de o próximo Presidente se revelar apto a aproximar as duas Américas, sem esquecer os valores fundamentais que fazem a Nação Americana tão excepcional: a crença na liberdade individual, no direito individual de cada um prosseguir a sua felicidade pessoal, na economia de mercado, na premissa inquebrantável de que o Estado serve o indivíduo – não é o indivíduo que serve o Estado;

2)Muito provavelmente, não serão os estados ditos oscilantes (swing-states) que decidirão esta eleição – eis a primeira surpresa: Donald Trump pode mesmo ganhar (e é o mais provável) o Ohio, a Florida, a Carolina do Norte, perdendo apenas a Pensilvânia. Mas mesmo na Pensilvânia, a situação ainda é periclitante – tendo mesmo a campanha de Hillary Clinton solicitado a intervenção, in extremis, do Presidente Barack Obama, ontem, nesse estado. O que significa que, das duas uma: 1) ou será a Pensilvânia a decidir a eleição a favor de Clinton; 2) ou será um dos outros estados, tradicionalmente não “swings”, que fará a diferença. Portanto, o futuro de Donald Trump poderá mesmo passar pelo Michigan  (daí sua presença ontem, com grande destaque) ou pelo Colorado. Os restantes estados estão definidos ora para o lado democrata, ora para o lado republicano;

3)Donald Trump ganhará sempre esta noite. Mesmo que perca para Hillary Clinton, a verdade é que Trump poderá mesmo fazer um resultado claramente melhor do que Mitt Romney em 2012 – e mesmo do que John Mccain, em 2008. É, pois, uma derrota do “establishment” do GOP – e uma vitória relativa de Trump. Poderá sempre dizer-se que, caso o GOP se estivesse empenhado mais na campanha, a vitória teria  sido possível (em caso de derrota, claro!);

4)Hillary Clinton, a confirmar-se a vitória, terá de fazer um discurso virado para o futuro, tanto quanto possível carismático, de união, de crença na excepcionalidade da experiência constitucional, política e económica americana. Note-se que o discurso de vitória de Barack Obama ficou mais na História do que o próprio discurso de tomada de posse;

5)Donald Trump, esta noite, vai surpreender. Pode surpreender, ganhando (menos provável); pode surpreender, mesmo  perdendo. É que Donald Trump, neste último cenário, fará um discurso de grande elevação democrática, respeitando os resultados e desejando os maiores êxitos a Hillary Clinton. De facto, outro cenário seria pura loucura: Donald Trump acredita mesmo na excepcionalidade dos EUA e no seu processo democrático, pelo que jamais faria um combate à própria democracia; por outro lado, Trump, apesar de derrotado, poderá alcançar um resultado muito lisonjeiro, que lhe permitirá uma margem de manobra de intervenção cívica ainda superior, de ora em diante.

Tudo em aberto portanto. Uma noite emocionante para acompanhar aqui no SOL. É sempre fascinante ver a democracia (e a maior do mundo) a funcionar!

 joaolemosesteves@gmail.com