Lesionado, mas também indisponível para o jogo frente à Letónia devido a castigo, Pepe vai obrigar Fernando Santos a mexer no eixo da defesa da Seleção nacional. Ainda assim, José Fonte, habitual colega de sector do central luso-brasileiro, não está preocupado, seja Bruno Alves ou Luís Neto o escolhido pelo selecionador.
"O Pepe é um dos melhores centrais do mundo e os melhores jogadores fazem sempre falta, mas temos qualidade para colmatar a ausência dele. Não me preocupa nada. Nas meias-finais do Euro [em França] joguei com o Bruno e correu de feição. A comunicação foi boa. Gosto de jogar com ele e não me preocupada nada. Há que manter a concentração e existir muita comunicação e união, principalmente nos quatro ou cinco jogadores mais recuados", salientou o central do Southampton, acrescentando ainda: "Tenho a certeza que tanto o Bruno como o Neto, pela experiência que têm, não vão estar nervosos. Não têm nada a provar, são jogadores de qualidade, e na Seleção não há titulares. Há 23 jogadores que querem muito ajudar a ganhar. Tanto os que entram de início como os que saem do banco, e até aqueles que nem jogam. Foi assim no Euro. O Bruno tem mais de 80 internacionalizações e o Neto também tem muitas."
Prestes a completar 33 anos, José Fonte foi questionado sobre um futuro adeus à Seleção. Um cenário que o defesa, que chegou já trintão à equipa das Quinas, nem sequer coloca. "Sei aquilo que passei até aqui. Não dou nada como garantido. Trabalhei muito para atingir este nível e acredito que nunca se deve renunciar à Seleção. Cada um é como cada qual, claro, mas eu estarei disponível sempre que for chamado. Resta-me estar nas melhores condições, ser profissional como até aqui, e se estiver a um bom nível no meu clube e a jogar numa liga competitiva, acredito que posso jogar mais alguns anos. É nisso que me vou centrar, é para isso que vou trabalhar", salientou Fonte, embora deixando uma ressalva: "Espero continuar a um nível alto, pois hoje em dia o futebol é para super atletas. Defrontar jovens de 21, 22 ou 23 anos, no auge das suas potencialidades físicas, não é fácil. Mas estamos cá para confrontar essas odds, como se diz em Inglaterra."
Fonte foi então confrontado com os dez anos de diferença para parceiros defensivos como Nélson Semedo, João Cancelo ou Raphael Guerreiro. "Escusava de me lembrar isso", brincou o campeão europeu, antes de responder mais a sério: "É óbvio que os jogadores com mais experiência, com mais jogos, tentam indicar o caminho certo, mostrar o trabalho que tem de ser feito, a maneira de ser profissional. É com prazer que fazemos isso, que eu tento ajudar os meus colegas, pois é assim que conseguimos esta união. Temos muitos jovens, a crescer, e precisam de tempo para potenciar as suas qualidades. Só com os jogos, com a experiência, a jogar juntos muito tempo…só assim é que se melhora. É com otimismo que olhamos para todos estes jovens a aparecer na Seleção. Eu vejo isso com muito entusiasmo, termos tanta qualidade a aparecer agora, e tenho muita confiança que no futuro vamos ser ainda mais fortes."
Em relação ao jogo de domingo, com a Letónia, Fonte confirmou que Portugal terá de assumir o favoritismo, mas renegou a palavra "facilitismo". "Não há jogos fáceis. A Suíça teve muitas dificuldades para ganhar em Andorra. Podemos ter dificuldades se não formos respeitadores, se não estivermos ao nosso nível. A melhor forma de preparar o jogo é respeitar o adversário. Por agora dependemos só de nós, e por isso temos de ganhar os jogos todos. A margem de erro é mínima. Sabemos a importância deste jogo e dos três pontos", realçou.
Já depois de ter "chutado para canto" um eventual interesse de José Mourinho para o levar para o Manchester United – "Houve muita conversa sobre o assunto mas não aconteceu" -, José Fonte assumiu ainda a sua vontade de ver Cristiano Ronaldo e Fernando Santos vencerem os prémios de melhores do ano para que estão nomeados, quer pela FIFA, quer pela France Football (Bola de Ouro). "Acho que mereciam, sem dúvida, depois do que atingiram esta época. Sem dúvida que merecem ganhar esses prémios. O mister fez uma qualificação fantástica e depois no Euro…foi o que todos sabemos. Fez um trabalho fantástico. Conseguiu unir e mover um país. E o Cristiano merece por aquilo que é: pela capacidade de querer sempre mais, pela capacidade de marcar tantos golos. Às vezes damos como um dado adquirido, mas não é fácil fazer 50 golos por época", finalizou o central.