Cartão de débito. Custos subiram quase 30% num ano

As anuidades custam, em média, 15,7 euros. Mas há casos em que os valores são bem mais elevados

Longe vai o tempo em que os cartões de débito eram oferecidos pelos bancos aos clientes. Esse estado de graça acabou e, ao contrário do que se podia esperar, a despesa relacionada com estes cartões têm vindo a aumentar de ano para ano. Esse custo subiu 10% ao ano entre 2009 e 2015, e a anuidade ronda agora, em média, 15,7 euros, ou seja, está mais cara do que em 2015 – um aumento que ultrapassa em 56 vezes a subida da inflação e custa mais 28% em relação há um ano. O alerta é feito pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO). 
Esta é uma forma de os bancos conseguirem arrecadar receita devido à descida acentuada das taxas de juro – uma situação que, no entender da associação, tem de ser vista e sugere a criação de limites ao custo das anuidades dos cartões de crédito. 

De acordo com o estudo feito pela entidade, o Deutsche Bank é o banco com a anuidade mais cara e que mais subiu: passou de 10,4 euros em 2015 para 26 euros este ano, o que representa um aumento de 150%. Também no “pódio” dos cartões com anuidades mais caras estão a Caixa Geral de Depósitos, que cobra 18,72 euros, o Millennium BCP e o Novo Banco, cujos cartões de débito custam ambos 17,68 euros.

“Se considerarmos apenas os cinco bancos com maior quota de mercado (BPI, Novo Banco, Caixa Geral de Depósitos, BCP e Santander Totta), a média das anuidades atinge os 16,94 euros, tendo os consumidores despendido mais 10% do que no ano passado. Já os clientes do Popular, do BBVA e do Crédito Agrícola tiveram de desembolsar mais 50% do que em 2015”, alerta o estudo. 

E se tivermos em conta, mais uma vez, os cinco maiores bancos em Portugal, esta evolução de custos entre 2009 e 2016 acentua-se: 135%, muito acima da média do mercado. Mas, mais uma vez, é o Deutsche Bank que bate todos os recordes: o banco alemão agravou em 271% o custo do seu cartão de débito desde 2009, passando de 7 euros para os tais 26 euros.

Só o ActivoBank e o Banco CTT disponibilizam o cartão de débito gratuitamente. Ainda assim, o Banco BiG cobra a comissão mais baixa, de 7,80 euros, um valor que se mantém inalterado há sete anos. No grupo dos bancos que não aumentaram as anuidades dos seus cartões no último ano integram-se, além do BiG, o BIC, o BPI, o Bankinter (antigo Barclays) e o Santander Totta.

Crédito ou débito? A par do problema das anuidades é preciso também ter em conta a forma de pagamento. Esta questão ganha maior relevo a partir do momento em que, na altura de pagar, é possível escolher a rede através da qual pretende fazer a transação: Multibanco ou Visa/Mastercard. “Esta alteração poderá ajudá-lo na gestão dos pagamentos efetuados com o cartão de crédito dual, pois permite-lhe decidir se a despesa será liquidada a débito ou a crédito”, lembra a DECO.

O certo é que, se utilizar um cartão de débito, a escolha entre qualquer uma das redes é indiferente, pois a operação será sempre feita através de débito na sua conta à ordem. Mas, ao utilizar um cartão de crédito dual, terá de ter atenção às opções apresentadas no ecrã. Isto significa que, escolhendo a opção “Multibanco”, o montante será debitado de imediato na conta à ordem. Se optar pela rede do seu cartão (Visa, Mastercard ou American Express), o movimento será registado como uma compra a crédito para pagamento no extrato seguinte do cartão.

E apesar de poder parecer um contrassenso, há casos em que pode ficar mais barato utilizar um cartão de crédito do que um cartão de débito para movimentar a sua conta. “Em instituições como o Abanca, o Banco BiG, o Banco BIC, o BPI, o Bankinter, o BBVA, a Caixa Geral de Depósitos, o Crédito Agrícola, o Millennium BCP e o Novo Banco, os clientes têm à sua disposição um cartão de crédito com uma anuidade inferior à do cartão de débito, chegando mesmo a ser gratuita na maior parte delas”, garante a associação. 

Mas, ao mesmo tempo, lembra que para garantir a poupança por esta via, terá de se certificar de que o montante das despesas é pago no período de crédito gratuito, evitando assim os juros sobre as compras. 

E esta não é a única condicionante. Se precisar de utilizar um terminal de pagamento que só aceite cartões de débito, por exemplo, o cartão de crédito comum já não será uma opção. Mas se falarmos nos cartões de crédito duais, o caso muda de figura.

“Apesar de menos generalizados, estes cartões podem ser uma boa alternativa aos cartões de débito, permitindo-lhe poupar alguns euros por ano caso apresentem anuidades inferiores. Os cartões de crédito duais são aqueles que funcionam tanto na rede Visa, Mastercard ou American Express, para pagamento de compras a crédito, como na rede Multibanco, permitindo realizar operações como levantamentos, transferências ou movimentar a conta à ordem, sem custos adicionais”, salienta a associação. E dá exemplos: é o que acontece, por exemplo, com alguns do Novo Banco e da Caixa Geral de Depósitos. Pode abdicar do cartão de débito normal e poupar de 13 a cerca de 18 euros por ano. 
“Apesar de menos expressivas, o Banco BIC e o Crédito Agrícola também permitem poupanças através dos seus cartões duais sem anuidade (13 euros e 14,56 euros, respetivamente). Já no BPI, o cartão dual Classic tem uma anuidade igual à do cartão de débito – 15,60 euros –, pelo que, tendo os dois, poderá também abdicar do segundo”, conclui.