1.Rui Rio admite ser candidato. Admite ponderar as circunstâncias actuais e futuras da política nacional – e da capacidade eleitoral, de alternativa política, do PSD de Pedro Passos Coelho.
E, claro, Rui Rio fixa já como pressuposto essencial da sua candidatura…a disponibilidade e a inteligência prática dos portugueses em aceitar as suas propostas políticas disruptivas! Afinal, D. Sebastião não morreu mesmo em Alcácer Quibir: El-Rei vai-nos surgir numa noite de nevoeiro, nas próximas directas do PSD. El-Rei D. Sebastião chama-se, afinal, Rui Rio. O homem das ideias disruptivas.
2.Calma, caríssimo leitor, calma. Não interrompa já a sua leitura desta nossa prosa. Bem sabemos que se estará a interrogar, neste momento: “mas eu já li este texto? Este texto sobre Rui Rio já foi publicado em Outubro do ano passado? Ou não…espera aí: este texto também já foi publicado em Março deste ano!”.
Não, caríssimo leitor, não é o mesmo texto: tem toda a razão em estabelecer o paralelo com nossos textos anteriores – de facto, as semelhanças são notórias e ostensivas. Mas, desta feita, é que é – Rui Rio afirmou mesmo que poderá ser candidato à liderança do PSD, mostrando disponibilidade para substituir Pedro Passos Coelho.
3.Pois, os textos já muito parecidos, é um facto – é que nós já escrevemos sobre uma putativa candidatura de Rui Rio à Presidência da República; depois, escrevemos sobre uma muito provável candidatura de Rui Rio à presidência do PSD; depois, escrevemos novamente sobre uma inevitável candidatura de Rui Rio a Belém; depois, novamente à liderança do PSD, em Março deste ano; agora, Rui Rio is back – vai mesmo ser candidato à liderança do PSD, se as bases o chamarem…
Ele promete não desiludir se as pessoas o quiserem muito. O desejarem muito…Como diria o Presidente do Tribunal Constitucional, o ilustre Professor Costa Andrade, Rui Rio será candidato se for estimulado pelas bases…
Ou seja: se lhe estenderem uma passadeira vermelha e se for recebido com um estatuto triunfal (quase imperial), Rui Rio substitui Passos Coelho.
4.Quanto ao mais, vamo-nos escusar de nos pronunciar sobre os méritos de Rui Rio para ser líder do PSD – caso contrário, este texto corre o risco sério de se tornar inútil rapidamente. Tão rapidamente quanto mudam os hábitos e as disposições do nosso “Rei do Norte”, El-Rei Rui Rio.
5.Reproduzimos aqui o que escrevemos, no SOL, no dia 1 de Abril de 2016:
“Objetivamente, quem corre para disputar a liderança de Pedro Passos Coelho é Rui Rio – Nuno Morais Sarmento e Paulo Rangel integram a sua “brigada de acção revolucionária” que irá, nos próximos tempos, trabalhar a máquina para uma possível mudança na liderança. E o que quer Rui Rio, afinal?
Fingir de morto até os militantes do PSD (e os portugueses) esquecerem que Pedro Passos Coelho venceu as últimas eleições legislativas contra todas as expectativas. Mas um morto muito presente, bem falante e bem falado. Bem falante – porque Rui Rio fará intervenções pontuais, opinando sobre política económica e finanças.
Bem falado – porque Rui Rio quer capitalizar o ainda capital de confiança e respeitabilidade de que goza na comunicação social e junto da generalidade dos portugueses. Está morto, fora da política – mas com dois pezinhos bem firmes muito dentro. Os dois pezinhos já sabemos quem são – Nuno Morais Sarmento e Paulo Rangel;
Aproveitar o impulso da eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, colando-se à sua popularidade e à vontade do atual Presidente da República em promover uma mudança de liderança no PSD. No fundo, Marcelo quer para o PSD o mesmo que aconteceu no CDS com a saída de Paulo Portas e a, consequente, entrada em cena de Assunção Cristas.
Marcelo não o afirmou expressamente – mas nãos e coíbe de repetir, nas entrelinhas, este seu desejo ao insistir nos consensos e no diálogo entre os partidos. Leia-se: em acordos de regime celebrados entre PS e PSD. Para Marcelo, o ideal é a constituição de um bloco central – na medida em que esta solução política reduz significativamente o risco de instabilidade política, para além de aumentar as probabilidades de reeleição de Marcelo. Ora, quem é a pessoa certa para a formação de um “”bloco central” com António Costa? Rui Rio – os dois dão-se lindamente e são amigos e cúmplices políticos desde há muito tempo;
Rui Rio quer ganhar tempo até constituir um grupo forte e uma logística que lhe permite vencer as eleições diretas no partido. Aqui, Nuno Morais Sarmento poderá ser determinante, se souber voltar a ultrapassar Marco António Costa no domínio das estruturas locais do PSD. E veremos como se portará o barrosismo: como bloco ou irão distribuir jogo, dividindo-se entre Passos e Rui Rio?
Miguel Relvas, neste momento, está a preparar Pedro Duarte – mas não exclui a hipótese do apoio útil a Rui Rio. Se Pedro Passos Coelho perder as autárquicas, abrir-se-á uma crise interna: Rui Rio virá a jogo….se julgar que a vitória será certa. Mais uma vez, Rui Rio revela uma falta de coragem política atroz – está a jogar o mesmo jogo das presidenciais…e todos sabemos o que aconteceu. Faltou à chamada – e ainda bem”.
6.Aditar qualquer comentário sobre uma hipotética candidatura hipotética de Rui Rio é pura perda de tempo.
É quase um acto reflexo: sempre que nos anunciam que “o Rui” é candidato, nós só nos rimos. O Rui? Só (me) Rio – eis o pensamento mais comum entre os portugueses, depois de (mais uma!) notícia do “EXPRESSO” a anunciar que desta é que é.
Se o “EXPRESSO” acertar tanto como acertou em Junho de 2015 quando deu como certa a candidatura de Rio à Presidência da República, Passos Coelho (e Portugal?) pode ficar descansado…