Se em 2014, depois de um resultado histórico (7-1) da Alemanha sobre o Brasil, Schweinsteiger pedia “desculpa” à seleção de Neymar e Müller acreditava que os brasileiros “não mereciam tamanha derrota”, a conversa – dois anos depois – está bem distante deste cenário tão amigável.
A goleada da Alemanha, por 8-0, frente a São Marinho, na passada sexta-feira, fez correr muita tinta na imprensa internacional, mas o resultado esteve longe de ser o centro da notícia. No fim do jogo, as declarações polémicas de Thomas Müller originaram uma onda de indignação na imprensa e nas redes sociais.
“Não entendo este tipo de partidas, ainda menos com um calendário tão cheio. Entendo por eles [São Marinho], especialmente jogando contra os campeões do mundo”, afirmou o jogador alemão que considerou que estes jogos “nada têm a ver com futebol profissional”. Müller continuou o discurso, no mesmo registo de superioridade, ao considerar estes jogos “um risco desnecessário” para os jogadores. Com um “calendário tão sobrecarregado” pela Bundesliga e Liga dos Campeões], o companheiro de Renato Sanches no Bayern de Munique mostrou não compreender “a razão de ser de jogos tão desequilibrados como este”.
As declarações do atual campeão mundial tomaram proporções desmedidas e Alan Gasperoni, diretor de comunicação de São Marinho, sentiu necessidade de responder ao atacante alemão, numa carta que já conta com cerca de 30 mil ‘gostos’ – de uma República que tem pouco mais habitantes do que isso – e quase oito mil partilhas.
Direito de resposta “Estimado Thomas Müller, tu tens razão. Jogos como o de sexta-feira à noite não têm qualquer significado. Para ti.”, começou por escrever Gasperoni, num texto que visa a explicação da importância destes tipo de jogos em dez pontos. Já diz o ditado ‘quem diz o que quer ouve o que não quer’ e a carta de Gasperoni, publicada nas redes sociais, não demorou a tornar-se viral. O diretor de comunicação da federação de São Marinho começou por elucidar Müller que o o jogo “foi útil para mostrar, que até contra equipas tão fracas como a nossa, às vezes, não consegues marcar”. E Gasperoni continuou, numa abordagem mais generalizada em relação ao povo alemão, a comentar as vantagens destes jogos. “Foi muito útil para provar que vocês, os alemães, nunca vão mudar. E que a história não vos ensinou que a presunção nem sempre significa vitória”, atirou. O humor, que teve o seu ponto alto já nas linhas finais, foi um dos motivos que tornaram a publicação um verdadeiro fenómeno na internet. “Finalmente, foi útil para me deixar compreender que mesmo que tenhas o melhor equipamento da Adidas, bem lá no fundo, tu [Müller] não passas de um daqueles fulanos que usa sandálias com meias brancas”, concluiu Gasperoni que não se esqueceu das despedidas (in)formais.
“Com muito amor”, Alan despediu-se de Müller e da seleção alemã numa resposta à altura… de um campeão mundial.
Löw em low profile Esperava-se uma reação do jogador alemão, mas quem veio prestar contas foi o selecionador, Joachim Löw. Löw justificou a atitude de Müller pelo facto de “tanto ele como toda a seleção alemã estar acostumada a enfrentar jogadores profissionais e a maioria dos jogadores de São Marinho serem amadores” e descartou qualquer tipo de acusações relativas a falta de respeito para com a seleção de São Marinho. “Não é verdade que não os respeitámos, acho que respeitámos e muito, porque desde o início que dissemos que não iríamos parar de jogar e de atacar independentemente do resultado ou do número de golos”, declarou o selecionador.