A eleição do Sr. Trump tem sido má para os mercados de dívida em todo o mundo. O seu plano de gastar mais de 500.000 milhões de dólares (cerca de 450.000 milhões de euros, 2,5 vezes o tamanho do PIB português) em infraestruturas poderá provocar inflação, e se implementar barreiras alfandegárias também terá o mesmo efeito.
Os diques partem-se sempre pelo ponto mais fraco, e Portugal, com a sua elevada dívida e ratings fracos, é um dos pontos mais fracos. Às 10.40 de hoje as taxas de juro portuguesas com o prazo de dez anos estavam a subir 0,19%, para 3,68%. A 8 de Novembro, dia da eleição do Sr. Trump, estavam em 3,22%. Isto é, a eleição de Trump já fez subir as nossas taxas de juro em 0,46%, em apenas 8 dias.
Isto ainda não é um desastre, mas encaminha-se rapidamente para isso. Com taxas de juro mais elevadas os custos com juros são maiores, tornando mais difícil governar o país. Portugal ainda consegue emitir dívida de curto prazo com taxas de juro negativas, mas nenhum país se governa só com taxas de juro de curto prazo. Pelo contrário, a nossa estratégia neste momento, e que me parece correta, é aumentar os prazos em que a dívida terá de ser paga.
O Sr. Trump está, pois, a causar mais danos ao governo da geringonça do que PSD e CDS. Se o dique rebentar por estar mais fragilizado, sugiro que condecorem Trump. Nota: ele também é muito estimado por Marine Le Pen.
Só foi eleito devido ao sistema eleitoral anacrónico dos EUA: Hillary Clinton teve mais 200.000 votos. E, ainda não tomou posse, mas já começou a causar estragos.