Ameaça grave: Portugal à beira de declarar o estado de emergência

1.É a notícia que corre nos media internacionais sobre Portugal: é o facto que domina as atenções dos portugueses, dos seus jornalistas e os comentários televisivos que pululam nos nossos ecrãs diariamente. Desde a “Marca” até a jornais franceses, todos se preocupam com a situação aviltante ocorrida no nosso país. Será que Portugal vai deixar-se…

1.É a notícia que corre nos media internacionais sobre Portugal: é o facto que domina as atenções dos portugueses, dos seus jornalistas e os comentários televisivos que pululam nos nossos ecrãs diariamente. Desde a “Marca” até a jornais franceses, todos se preocupam com a situação aviltante ocorrida no nosso país.

Será que Portugal vai deixar-se de financiar nos mercados? Será que os portugueses se indignaram com o circo montado por António Costa, Centeno, Jerónimo de Sousa, manas Mortágua e companhia ilimitada?

2.Não, nada disso. O grande problema nacional, que as sumidades intelectuais do nosso comentário vaticinam que prejudicará a imagem externa do nosso país, é o…cuspo à solta e voador do Presidente do Sporting, Bruno de Carvalho. E o lutador de wrestling grisalho (atenção: este termo não é ofensivo, é apenas carinhoso, tribunais portugueses!), o homem que barafusta com o vento e gesticula sem parar, o Presidente do Arouca, cujo nome (dada a importância que reconhecemos a este assunto) nem sequer fixámos.

Tudo se passou nos balneários do Estado de Alvalade, no dia em que aquelas duas equipas se defrontaram: Bruno de Carvalho – com o seu orgulho de “macho-alfa” ferido, após a separação da mulher – , emocionalmente muito debilitado e desorientado, fica junto à casa de banho, aguardando pelo Presidente do Arouca. O Presidente do Arouca, por sua via, vai provocando, em crescendo, Bruno de Carvalho – conseguido, após alguns minutos de insistência, ser “bocejado pelo cuspo” do inigualável presidente leonino.

3.Grande questão existencial que dominou os media nos últimos dias: o que sai da boca de Bruno de Carvalho é cuspo ou fumo do cigarro electrónico? Sucederam-se as várias interpretações das imagens que diligentemente foram feitas chegar às redacções nacionais.

Para uns, a imagem branca que sai da boca de Bruno de Carvalho e atinge, com estrondo, a face do Presidente do Arouca só pode mesmo ser cuspo; para outros, a imagem mostra que se trata de fumo, pois o “cuspo não se diluía no ar”; para outros ainda, trata-se indubitavelmente de fumo, pois “há qualquer coisa branca que também sai do nariz de Bruno de Carvalho; ora, o cuspo não pode sair do nariz!”.

E assim fomos brindados com cerca de trinta minutos de emissão televisiva, na SIC NOTÍCIAS, no programa “Tempo Extra”, em que se recorria ao zoom da imagem do nariz do Presidente Bruno de Carvalho para, desta forma, se analisar as ocorrências nasais do primus inter pares dos leões. Parece que Portugal deve já declarar o estado de emergência! Que catástrofe! Que ultraje!

De facto, Rui Santos, sempre com o seu tom de catedrático, concluiu sem dúvidas: é fumo, pois cuspo não sai pelo nariz. Na Faculdade de Direito, em Direito Criminal, falamos de “smoking gun” ; já aqui, neste caso, Bruno de Carvalho é o chamado “smoking nose”, o nariz fumegante.

4.Enfim, percebe-se a atenção que os media televisivos dedicam a estas patetices: enquanto se discute a morfologia e as incidências nasais de Bruno de Carvalho, não se discutem as matérias que realmente deveriam preocupar (imenso!) os portugueses. Para onde caminhamos? Que país queremos daqui a dez, vinte, trinta anos? Que Portugal irão receber as gerações futuras? Qual o verdadeiro estado da Liberdade em Portugal?

5.Contudo, discutir as questões enunciadas não interessa. Não interessa ao poder político hoje vigente. Não interessa a António Costa, ao PS e à extrema-esquerda (note-se que falarmos de PS e extrema-esquerda já é redundante nos dias que correm).

Noutros tempos, o folhetim da Caixa, a insustentabilidade duradoura ou a sazonalidade dos números apresentados do crescimento económico seriam razões para intensos debates (com o próprio António Costa como protagonista na “Quadratura do Círculo”)  zurzindo, forte e feio, no Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Hoje, comenta-se apenas futebol e o nariz do Presidente do Sporting, dedicando horas, horas e mais horas a este tema.

6.Desta forma, António Costa pode fazer uma festa grandiosa quando as notícias lhe são favoráveis (ou não lhe são tão desfavoráveis) – e passar incólume pelos erros e asneiras que comete, pois os “media” do sistema e do politicamente correcto tratarão de relativizar tais erros. É curioso como tudo em António Costa nos faz lembrar os anos de José Sócrates…

7.Como diria Nuno Ramos de Almeida, o circo de António Costa está montado. É o circo que nos continuará a vender uma ideia de normalidade, de grandeza e de êxito para nos enganar a todos. Até ao dia em que a casa vier (outra vez) abaixo, com a desvantagem de o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, entretanto, se infiltrarem nos círculos de poder formal.

Circo por circo, prefiro comprar já os bilhetes para o Circo de Natal do Victor Hugo Cardinalli ou para o Circo Chen – ao menos, os palhaços (muitos deles formados no Chapitô, de Teresa Ricou, uma magnífica senhora) destes dois circos fazem-nos rir. O que já compensa o preço do bilhete…

joaolemosesteves@gmail.com