Viagens a Chaves não custam nada para dragões esfomeados

O FC Porto ganhou 13 das 14 deslocações a Trás-os-Montes – a última das quais precisamente na Taça

O terceiro encontro desta quarta eliminatória da Taça de Portugal leva o FC Porto a Chaves, um terreno de onde os dragões costumam sair a transbordar de felicidade. O histórico de confrontos entre os dois clubes em terras flavienses não deixa margem para dúvidas: nos 14 encontros lá realizados entre 1986 e 2007, o FC Porto venceu… 13! O ano de 1988, já lá vão 28 primaveras, viu pela última – e única – vez o Chaves vencer: 2-0, golos do mítico búlgaro Radi e do internacional português Gilberto.

Curiosamente, os últimos dois embates entre as duas equipas aconteceram precisamente nesta competição. Em 2007, em Chaves, o FC Porto venceu por 2-0, com golos de Adriano e Hélder Postiga; e em 2010, o momento mais alto da história do clube transmontano: a chegada à final da Taça, no Jamor. É certo que foram os dragões a festejar no fim (2-1, golos de Guarín e Falcao), mas o tento de Clemente a cinco minutos dos 90 ainda assustou e encheu de alegria os adeptos flavienses, que foram em plena romaria de Chaves a Oeiras para festejar acontecesse o que acontecesse – isto, num ano em que o clube até desceu à II Divisão B.

Agora, a história é outra: o Chaves regressou à I Liga passados 18 anos e está a ser a grande surpresa da prova – sexto classificado, com 14 pontos em dez jogos. E Nuno Espírito Santo sabe disso. “O Chaves é uma boa equipa, está a fazer um belíssimo campeonato. Tem bons jogadores, bons executantes, tem um contra-ataque a que devemos estar atentos. Mas só pensamos em ganhar, em nós, em fortalecer a equipa e tentar melhorar se possível a ultima exibição que tivemos em casa”, afirmou o treinador do FC Porto, referindo-se ao jogo com o Benfica. Sem querer abrir o jogo no que respeita à equipa que vai apresentar, Nuno garantiu apenas a titularidade do guardião José Sá. “Não só pela questão de rotatividade, mas porque confiamos nele. É um belíssimo guarda-redes e um ótimo profissional”, elogiou o técnico.

Do outro lado, as considerações de Jorge Simão foram ao encontro daquilo que as estatísticas e o histórico de confrontos entre as duas formações sugerem: o técnico do Chaves atribuiu “90 por cento de favoritismo” aos dragões e considerou que só um jogo “taticamente perfeito” da sua equipa permitirá eliminar os dragões. “O FC Porto vai ter mais lances em que a sorte pode influenciar, lances em que um jogador se isola e a bola vai à trave, sai ou entra… Espero que saia, porque isso poderá fazer a diferença no decurso do jogo”, gracejou Jorge Simão, chutando a pressão para o lado dos dragões: “Eles têm de encarar como uma obrigatoriedade ganhar a Taça de Portugal, mas, para nós, é um sonho: para os transmontanos seria um facto festivo estar na final.”

O técnico deixou ainda elogios a Diogo Jota, que treinou na época passada no Paços de Ferreira, dizendo contudo esperar que este não esteja nos melhores dias nesta sexta-feira.