Adora fogueiras e gosta de as ver com um garrafão de gasolina ao lado ou não fosse um guerreiro de Alvalade. Bruno de Carvalho, rezam as crónicas, sempre foi um adepto ferrenho do Sporting, tanto assim que achou que podia chegar a presidente do clube, o que acabou por acontecer em 2013, depois de uma tentativa falhada. Desde que chegou ao espaço mediático notabilizou-se por querer acabar com os croquetes e os rissóis nas salas VIP do clube – calcula-se que os ganhos terão sido astronómicos – e a sua voz de cana rachada passou a ser um dos sons preferidos dos humoristas.
Bruno de Carvalho, de acordo com a wikipédia, terá remotas ligações familiares ao antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar, a Francisco Louçã e ao almirante Pinheiro de Azevedo. Talvez por isso, gosta de dizer que não tem medo de ninguém e que enfrenta os adversários de peito aberto. Esta semana o seu encontro nos corredores do Estádio de Alvalade com o seu homólogo do Arouca encheu as televisões até à náusea, levando especialistas em ‘tiro de cuspo’ a relatar o acontecimento como se da eleição de Donald Trump se tratasse. É o critério de cada um, mas temos de reconhecer que ver uma televisão como a SIC Notícias com as mesmas imagens mais de 20 horas é surpreendente e revelador dos tempos que correm.
As imagens mostram uns empurrões entre dois homens adultos que deveriam ter juízo e ser um exemplo para os outros e, supostamente, Bruno de Carvalho terá cuspido no presidente do Arouca.
O espetáculo é todo ele vergonhoso e ninguém sai bem da história.
O homem que andou sem grande sucesso por empresas de construção civil e que teve ou tem uma fundação de solidariedade social gere um grande trunfo: desde que chegou ao Sporting o clube não tem parado de subir e está na linha da frente pelo título como já não estava há bons anos. É certo que Leonardo Jardim e Marco Silva deixaram a sua marca, e Bruno de Carvalho interrompeu esse caminho. Mas a jogada de ir buscar Jorge Jesus ao Benfica foi de mestre. O presidente leonino, aos 44 anos, adora bastidores de rua e é na confrontação que se sente em casa. Para os amantes de futebol, tem um certo cheiro a déjà vu, mas se ganhar este ano, Bruno ficará uns bons anos no trono leonino. À semelhança do que se passou no Benfica e no Porto. Os títulos decidem tudo