O homem que meteu Sócrates nos órgãos do PS

Sócrates foi pela primeira vez eleito delegado a um Congresso do PS numa lista de Manuel dos Santos e foi parar à Comissão Nacional

O eurodeputado Manuel dos Santos assume-se como o responsável pela chegada de José Sócrates a dirigente nacional do PS. A história conta-se em breves palavras. Corria o ano de 1983. O país tinha saído de quatro anos de Aliança Democrática (PSD/CDS) com a vitória dos socialistas nas legislativas. Seguiu-se o Governo do chamado Bloco Central (PS/PSD).

No PS há agitação e quem combata o líder histórico do partido, Mário Soares, que se tinha aliado ao PSD onde emergia então Mota Pinto. Entre esses contestatários estavam António Guterres e Manuel dos Santos. Ambos apresentaram moções distritais ao V Congresso do partido.

E foi através do documento da Federação do Porto, com Manuel dos Santos como primeiro signatário, que José Sócrates conseguiu ser eleito delegado ao Congresso, pela Covilhã. «Sócrates queria concorrer às eleições para delegado pela moção de Guterres, mas como essa já estava preenchida e os dois documentos diziam praticamente a mesma coisa, acabou por candidatar-se pela minha moção. A Covilhã elegia cinco delegados.

Eu elegi três, incluindo Sócrates, e Guterres dois», recordou o eurodeputado. Mais tarde, quando se preparava a lista conjunta (das duas moções distritais) para a Comissão Política Nacional, para votação em congresso, Guterres não teve lugar para incluir Sócrates e sugeriu a Manuel dos Santos que o integrasse na sua ‘quota’. «E assim foi. A lista conseguiu meter uma série de pessoas na Comissão Nacional e entre eles estava José Sócrates», lembrou.

Segundo Manuel dos Santos, na conversa com Guterres para a formação da lista, este referiu-se a Sócrates com umas palavras que diziam mais ou menos isto: «É um tipo de grande potencial, um rapazinho muito esperto que vai evoluir muito dentro do PS». Anos mais tarde, já líder incontestado do PS e primeiro-ministro, Manuel dos Santos lembra que Sócrates, sobretudo em ações do partido no norte do país, na região do Porto, apontava o agora eurodeputado nestes termos: «Está aí o Manuel dos Santos? Sabem que ele foi meu padrinho no PS?».