A par da recuperação do crédito para a habitação verificada em setembro, também foram registados aumentos nos restantes segmentos, nomeadamente no crédito ao consumo, com a entrega de 328 milhões de euros, mais 5 milhões de euros do que no mês anterior, e o valor mais elevado desde março. O crescimento do crédito ao consumo foi de 23% relativamente a idêntico período de 2015.
Houve também aumento para o chamado crédito destinado a outros fins (154 milhões de euros, em setembro, contra os 143 milhões de euros de agosto), embora este crédito seja, no presente ano, inferior ao concedido em 2015. Num quadro de reajustamentos de estratégias de investimento face à vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, o cruzamento destas informações revela-se de enorme importância.
Sabemos que em momentos de incertezas os investidores privilegiam o ouro, as moedas fortes, como o iene ou o franco suíço, e até, no caso dos investidores institucionais, as chamadas dívidas soberanas de alguns países, à cabeça das quais a dívida alemã. Mas eu também acredito que o imobiliário português, como destino seguro de investimento, continua a afirmar-se, mesmo num quadro de recessão global, que alguns temem na sequência das novas políticas da Casa Branca.
Donald Trump prometeu um programa fiscal expansionista, com redução de impostos e créditos fiscais a tentar estimular a economia e, a par, um plano de reconstrução de infra estruturas, de muitos milhões de dólares que também acarretará um potencial crescimento da economia americana. Tudo isto, quer queiramos quer não, irá ter influência nas opções e nas escolhas dos investimentos a eleger.
A dimensão da Economia de Portugal é pequena neste contexto global mas isso pode jogar a nosso favor, especialmente se conseguirmos manter os níveis de confiança que temos vindo a consolidar em destinos para investimento como são o imobiliário português, intimamente ligada à Reabilitação Urbana e ao Turismo residencial. Contagiando positivamente esta procura interna da aposta no imobiliário que os recentemente divulgados números do crédito concedido indiciam. Boas notícias para o país desde e se não forem traídas pelos crónicos erros que cometemos quando algum setor começa a funcionar bem.
Quando estamos a entrar no nono ano após a grande crise financeira de 2008, que teve um dos epicentros no imobiliário dos Estados Unidos da América, salvaguardar os caminhos certos e seguros que temos vindo a trilhar em Portugal, é um desafio mais do que necessário e urgente. Não podemos esmorecer neste caminho.
*Presidente da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua
Oficial Portuguesa