“Neste último mês, foram raros os atos em que o sistema funcionou. Vemos os doentes, registamos os dados em folhas de papel, esperamos pacientemente que o sistema funcione e, em horas fora do nosso horário, ficamos a inserir dados e a passar receitas”.
A queixa foi feita apresentada ontem por um médico de família no livro de reclamações do seu centro de saúde. O protesto foi partilhado nas redes sociais pelo presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos Carlos Cortes, protegendo a identidade do médico e da unidade de saúde em causa. “Durante quanto tempo mais vai durar a hibernação do bom senso que deveria existir no Ministério da Saúde?”, questiona o responsável. Ao i, Carlos Cortes diz que as dificuldades que têm sido denunciadas nos últimos meses pela Ordem e sindicatos se mantêm. "Há problemas que são resolvidos num lado mas depois aparecem outros".
Na reclamação, o médico também lamenta a falta de soluções para os problemas informáticos, que se têm sentido em particular nos centros de saúde. “De que importa decretos de lei sobe tempos máximos de resposta garantidos se nem o atendimento no dia fazemos em qualidade? De que importa a organização dos serviços em grupos multidisciplinares se não conseguimos comunicar? De que a importa a politica de qualidade dos registos se estes não se conseguem fazer? E no final? No fim, na contratualização e na avaliação do nosso desempenho, o que conta são dados inscritos num sistema que raramente funciona.”
O Ministério da Saúde anunciou em setembro a aquisição de 10 mil novos computadores para as unidades do SNS.