A agência de rating S&P garante que vai “monitorizar de perto” todo o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas admite que a saída de António Domingues da administração do banco público não vai afetar o perfil de risco do banco porque o plano de recapitalização mantém-se.
A monitorização acontece sobretudo para certificar que não são feitas “alterações estratégicas ou mudanças no plano de recapitalização”. E, mesmo que não seja feita nenhuma, deixa um aviso: vai estar atenta ao tempo que o processo vai demorar a materializar-se.
A informação foi divulgada em comunicado e ganha especial importância porque o plano para a recapitalização da CGD prevê a emissão de dívida subordinada nos mercado, um valor calculado em mil milhões de euros.
No fundo, a instituição fica sob vigilância de pendor positivo porque a agência acredita que o futuro da CGD será o que ficou acordado entre o executivo de António Costa e Bruxelas. “Entendemos que o acordo de princípio anunciado em agosto continua em cima da mesa e que o governo está a trabalhar no sentido de encontrar um substituto para a gestão da CGD”, explica em comunicado.
Ou seja, acaba por ficar tudo na mesma, mas com um aviso de que terão de ser vistos resultados em “tempo oportuno”.
DBRS ameaça com “lixo” Embora a Standard & Poor’s considere que a saída de António Domingues não afeta o perfil de risco da CGD, a agência canadiana DBRS – que tem o rating do banco acima de lixo – ameaçou terça-feira cortá-lo.
A agência colocou o rating do banco público sob vigilância com “perspetivas negativas”. O que se pode traduzir numa forte possibilidade de cortar a notação da CGD.
“A revisão dos ratings reflete os crescentes riscos que o grupo está a enfrentar em relação às questões de ‘corportate governance’ (governação), à recapitalização planeada e às dificuldades em melhorar a sua rentabilidade e a qualidade dos ativos”, lê-se na nota divulgada pela DBRS.
A agência canadiana destaca que a revisão dos ratings do banco público “vai ponderar como a recente demissão da maioria do Conselho de Administração vai afetar a reestruturação planeada do grupo”.
Esta informação surge depois da demissão de António Domingues e de parte da sua equipa de gestores.
A DBRS assinala também que, “apesar do grupo estar num processo de recapitalização significativa que vai reforçar o seu balanço, o período de revisão vai considerar os atrasos que estão a acontecer neste processo e o risco de execução do plano”.
A agência de notação fez ainda saber que, seja como for, acredita que o banco público vai permanecer com uma fraca capitalização por um período superior ao inicialmente planeado.