Os alunos do ensino básico da região de Leiria são os que apresentam melhores resultados a Matemática e a Ciências. Segundo o último relatório internacional do Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS), que a cada quatro anos avalia a literacia e aprendizagem dos alunos em termos de conteúdo e raciocínio, em 2015 foram os alunos do 4.º ano desta região que mais se destacaram nos testes desenhados para o estudo.
Entre os 4.693 alunos portugueses que participaram nesta edição do estudo, foi na região de Leiria «que se evidenciou melhor pontuação média, com 576 pontos», ficando num nível elevado, o segundo mais alto da escala do estudo, que indica que os alunos aplicam os seus conhecimentos a resolver problemas com alguma complexidade. A pontuação traduz uma diferença «significativa» – mais de 35 pontos acima da pontuação média nacional.
E os dados oficiais do Ministério da Educação, divulgados através do site do Infoescolas, revelam a mesma tendência do sucesso destes alunos identificada no estudo. No mesmo ano letivo analisado no TIMSS (2014/2015) a taxa de ‘chumbo’ e de abandono nas escolas de Leiria é de 6%, abaixo da média nacional de 8%, naquele ano de escolaridade. E o número de alunos que chega ao 6.º ano escolar sem negativas e sem ‘chumbar’ é de 56%, ficando também acima da média nacional de 55%.
Para o secretário de Estado, João Costa, estes resultados revelam que «existem formas diferentes de trabalhar» e que é preciso estar atento para perceber o que se faz em Leiria e «o que não se está a fazer noutras regiões» do país.
No reverso dos resultados conseguidos em Leiria, está a região do Tâmega e do Sousa, onde os alunos tiveram o pior desempenho no estudo. Nesta região – onde estão incluídos os concelhos de Amarante, Baião, Lousada, Felgueiras, Paços de Ferreira, Cinfães ou Penafiel – os alunos não ultrapassaram os 500 pontos ficando bem abaixo (menos 41 pontos) da pontuação média nacional.
Portugueses melhores que finlandeses, alemães e espanhóis
A nível geral, o Trends in International Mathematics and Science Study mostra ainda que os resultados dos alunos portugueses do 4.º ano a Matemática subiram de forma acentuada entre 2011 e 2015. E, hoje, já são melhores nesta disciplina do que os finlandeses, os alemães e os espanhóis.
Mas o mesmo não acontece nas Ciências, em que o desempenho dos alunos do 4.º ano caiu a pique nos últimos anos. Os portugueses estão, nessa área, bem abaixo dos finlandeses, dos alemães e dos espanhóis. O aproveitamento em Ciências contrasta, no entanto, com os dados que mostram que somos o país em que há mais alunos (82%) que dizem gostar muito de aprender a disciplina.
Na Matemática, Portugal subiu para a 13.ª posição – com uma classificação de 541 pontos –, ficando bem acima da média da pontuação dos 56 países envolvidos (500 pontos) – mais nove pontos em relação aos resultados conseguidos em 2011, quando os alunos portugueses se situavam na 15.ª posição.
Já nas Ciências, os alunos portugueses sofreram uma queda da 19.ª para a 32.ª posição entre 2011 e 2015. No ano passado, os alunos que foram incluídos no estudo não ultrapassaram os 508 pontos (ainda assim, acima da média) – menos 14 pontos face aos resultados de 2011.
A melhoria dos resultados coincidiu com o programa de Matemática definido pelo ex-ministro da Educação, Nuno Crato, que gerou várias críticas dos pais e dos professores e com a implementação das provas nacionais aos alunos do 4.º ano.
E para Nuno Crato foi mesmo esta receita que levou à subida dos resultados na Matemática. (ver entrevista ao lado)
Governo atribui sucessoa Maria de Lurdes Rodrigues
Mas para o atual secretário de Estado da Educação, João Costa, os melhores resultados a Matemática resultam de medidas adotadas pela ex-ministra da Educação de José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues. Foi sob a sua tutela que foi aplicado o Plano de Ação para a Matemática (PAM). E foi entre 1995 e 2011 que os resultados deram um maior pulo: de 442 pontos passámos para 532 pontos.
O estudo revela ainda que são os rapazes que conseguem resultados «significativamente» melhores quando comparados com as raparigas. Portugal é, aliás, o «quinto país onde as diferenças são mais acentuadas» entre rapazes e raparigas, com uma diferença de 11 pontos. No caso das Ciências, a diferença é de sete pontos.
O relatório diz também que, entre a escola pública e privada, continuam a ser os alunos que frequentam colégios que conseguem melhores resultados nestas duas disciplinas.
Sem surpresas, continuam a ser os alunos dos países asiáticos – Singapura, Hong Kong ou Coreia – a ocupar os primeiros lugares da tabela com os melhores resultados.
Esta é a 6.ª edição do estudo, que é realizado desde 1995, em que Portugal participa pela terceira vez. A nível mundial participaram 300 mil alunos, dos quais 4.693 são portugueses, de escolas públicas e privadas de norte a sul do país. A amostra portuguesa representa 5% do total de alunos do 4.º ano.