Segundo um documento do IGCP, o organismo estatal que gere a dívida pública nacional, a República Portuguesa terminará este ano com reservas financeiras de 9,3 mil milhões de euros. Destes, 2,7 mil milhões já têm destino assegurado: serão usados na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Sobram 6,6 milhões de euros, o equivalente a 32% das necessidades de financiamento do Estado em 2017.
Partir para os mercados com um terço do dinheiro necessário já em caixa é muito positivo, e só vem demonstrar o bom trabalho que está a ser feito no IGCP, liderado por Cristina Casalinho, ex-economista-chefe do BPI, nomeada pelo governo de Passos mas mantida no lugar com este executivo, com evidentes benefícios para todos. Só foi pena negarem o acesso, hoje de manhã, a uma apresentação destinada a investidores internacionais. Às 11.00 podia-se ler essa apresentação, bem-feita, sobre a economia portuguesa, às 12.00 o acesso já estava negado. É o que dá não representar qualquer grande banco ou fundo de pensões.
Assim sendo, pouco mais há para escrever. O mais relevante é que o IGCP prevê uma tendência decrescente nas necessidades financeiras do Estado: de 29 mil milhões de euros em 2015 e 23 mil milhões este ano, descerão para 21 mil milhões de euros em 2017 e para 16 mil milhões nos anos seguintes, até 2020.
O Estado está, pois, relativamente à-vontade. Depois de recapitalizar a CGD, o passo seguinte deverá ser a criação de um “banco mau” para agrupar os créditos malparados, que depois serão alegremente pagos pelos contribuintes. Não desanime totalmente: esse pode ser o preço a pagar para por a economia portuguesa a funcionar normalmente, e sobretudo a crescer.