Referendo em Itália. “Não” ganhou e agora?

Banca italiana poderá ser a principal vítima, atenções viradas para a fragilidade das instituições financeiras

Depois do "não" ter ganho no referendo a Itália, as atenções viram-se agora para o setor financeiro. A banca italiana está a braços com uma situação sensível e, ainda na semana passada, foi noticiado que o Executivo italiano estaria a negociar com Bruxelas um resgate ao banco Monte dei Paschi, o único que chumbou nos testes de stress do verão.

O banco terá de fazer um aumento de capital no valor de cinco mil milhões de euros. Uma operação que deverá ficar mais difícil com o resultado do referendo, uma vez que, irá ter maior dificuldade no acesso ao mercado de financiamento. E o que é certo é que no pior cenário, a instituição financeira precisará de um resgate.

Também o Unicredit está a negociar a venda da gestora de ativos Pionner por três mil milhões, estando, ao mesmo tempo, a preparar um plano de recapitalização do banco no valor global de 13 mil milhões de euros. 

Além disso, segundo o Financial Times, haveria mais sete bancos em risco de falir se o resultado do referendo for desfavorável, o que veio acontecer. E neste cenário, estão incluídos algumas instituições financeira de média dimensão. É o caso, do Popolare di Vicenza e o Veneto Banca, assim como alguns bancos mais pequenos que foram intervencionados em 2015, como o Banca Etruria e o CariChieti.

E todos estes bancos têm um problema em comum: o crédito mal parado. De acordo com os últimos dados, a banca italiana tem em mãos 360 mil milhões de euros em crédito problemático, com apenas 225 mil milhões em capital para enfrentar eventuais perdas.

Economia frágil

Também o fraco crescimento económico que tem vindo a ocorrer poderá ser ainda mais penalizado. Segundo os analistas da Capital Economics, o referendo vem "numa má altura para a economia italiana" e dizem que "pode ser que a economia já se esteja a contrair”, sublinha uma nota divulgada pela empresa de consultadoria económica. Isto porque, o produto interno bruto (PIB) italiano expandiu-se em apenas 0,3% no primeiro trimestre e foi de zero no segundo trimestre.

Isto significa que, uma recuperação para 0,3% no terceiro trimestre pode não ser suficiente para salvar a economia italiana, especialmente tendo em conta que “a incerteza política adicional no final do ano pode fazer com que os consumidores e as empresas atrasem as despesas, reduzindo ainda mais a procura”, alertam os mesmos analistas