Alemanha. Merkel defende proibição da burca “onde for legalmente possível”

Chanceler endurece o discurso e prepara-se para a campanha eleitoral contra a direita nacionalista. Foi reconduzida à liderança da CDU com quase 90% dos votos. 

Alemanha. Merkel defende proibição da burca “onde for legalmente possível”

A chanceler alemã defendeu pela primeira vez esta terça-feira a proibição parcial da burca e dos véus islâmicos que cobrem toda a face, como as burcas e os niqabs.

“Os véus que cobrem por completo a cara são impróprios e devem ser proibidos onde for legalmente possível”, disse Angela Merkel aos cerca de mil delegados do seu partido, que esta terça-feira se reuniram em Essen para a reeleger líder e apontá-la como candidata às eleições legislativas do próximo ano – Merkel conquistou quase 90% dos votos.

“A nossa lei é mais importante do que códigos de honra, valores tribais ou familiares e do que a lei sharia e isso tem de ser dito a alta voz”, lançou a chanceler, defendendo a proposta de proibição parcial que já germinava no seu partido (CDU), que prepara uma proposta de proibição dos véus em locais públicos, como tribunais, escolas, universidades e sempre que houver contacto com as autoridades.

O discurso da chanceler está a ser lido como uma preparação para a campanha eleitoral dos próximos meses. Merkel continua a ser uma figura consensual para o eleitorado alemão, mas sofreu com a decisão de abrir portas a centenas de milhares de requerentes de asilo, uma política que foi mal gerida e mal recebida nas zonas mais rurais.

A consequência mais notável foi o crescimento do partido nacionalista e islamofóbico Alternativa para a Alemanha (AfD), que roubou parte do eleitorado mais conservador da CDU e tem hoje cerca de 12% das intenções de voto. 

Merkel parece querer aplacar a sua ascensão e roubar alguns dos seus temas. A chanceler disse esta terça-feira que a Alemanha não voltaria a assistir a uma onda de refugiados como a que aconteceu no verão de 2015, mas voltou a defender a decisão de abrir portas.