Teodora Cardoso, que falava à margem do debate “Desafios da Politica Económica Portuguesa”, organizado pelas confederações de comércio luso-britânica e francesa, em Lisboa, considerou que para atingir a meta orçamental do défice em 2,5% do PIB no final deste ano “o Governo tem instrumentos que permitem fazer isso ou, pelo menos, acredita que tem”.
A economista considerou que há dois instrumentos “a própria gestão do fim de ano que permite muitas coisas” e “a possibilidade de o PERES [Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado] trazer receitas adicionais”.
Reestruturação
Para a presidente do CFP “deverá ser isso que levará a conseguir chegar aos 2,5% ou 2,4% [meta do Orçamento do Estado para 2017)”. Teodora Cardoso tem uma certeza:“o Governo fará tudo para chegar lá”.
Sobre uma eventual reestruturação da dívida a economista afirma que “é algo que Portugal vai precisar”.
Isto porque, afirma, “as taxas de juro nos mercados internacionais” estão em níveis até negativos “mas vão subir e já estão a subir”.
Assim, uma reestruturação “é necessária” mas tem de “acontecer pela positiva”, Ou seja, argumenta, “é uma reestruturação que deve resultar de nós conseguirmos políticas credíveis e políticas económicas que levem a maior crescimento” e que “coloquem Portugal perante os credores “como um país que consegue efectivamente servir a dívida no futuro”. Nestas condições “poderemos ter a tal reestruturação, que advém de taxas de juro mais baixas e prazos mais longos”, advogou Teodora Cardoso.
Na sua intervenção no debate a presidente do CFP criticou a atual política económica e orçamental. “Os cortes de despesa que se fizeram nunca foram complementados como deviam ter sido, muito mais cedo e por medidas mais estruturantes”. E agora “esses cortes estão a ser revertidos sem que nada se tivesse passado entretanto. Ou pouco se passou. (…)”, afirmou Teodora Cardoso.
Resgate
De acordo com a responsável pelo organismo público “a economia continua a crescer muito devagarinho e com os problemas desta falta de mudança”.
No final do debate, Teodora Cardoso, em resposta a perguntas da audiência revelou não ter “a certeza se nós agora conseguiríamos um segundo resgate”.
A economista diz que não é uma opinião sua, mas é “falar com base no que me dizem pessoas que são efetivamente responsáveis por negociar esse resgate. E que me dizem que é muito discutível se conseguiríamos”.
Segundo Teodora Cardoso, “convém começarmos a pensar que isto não é só continuar a gastar e à espera que no fim alguém apareça para resolver”.