As forças a mando de Bashar al–Assad prosseguem o surpreendente ritmo de avanços nos bairros rebeldes de Alepo e ontem conquistaram a zona histórica da cidade, que nos últimos quatro anos serviu como um dos grandes bastiões dos grupos armados da oposição. Em poucas semanas, os rebeldes perderam mais de dois terços das suas posições na zona urbana de Alepo, o centro dos últimos cinco anos da guerra civil síria, que parece agora prestes a cair para as mãos do regime.
Os avanços parecem ter sido facilitados pelos últimos dois meses de cerco do regime, que deixou a população dos bairros orientais de Alepo quase sem acesso a alimentos, combustível e cuidados médicos. Os grandes hospitais da zona rebelde, aliás, foram todos bombardeados pela aviação síria ou russa.
Residentes nas zonas rebeldes dizem-se surpreendidos com a facilidade que o regime parece ter em avançar por bairros que nunca trocaram de mãos no conflito. Várias notícias sugerem que há divisões entre os grupos armados da oposição: uns querem retirar-se e abrir mão de Alepo, outros querem resistir.
Ontem, porém, as fações armadas pediam apenas uma trégua de cinco dias para evacuar as dezenas de milhares de civis que ainda vivem nas zonas da oposição, um pedido que tem sido negado por Damasco e os seus aliados russos, que ainda esta semana vetaram uma proposta de cessar-fogo para Alepo no Conselho de Segurança da ONU.
“Nós, as fações armadas revolucionárias na cercada Alepo, reafirmamos que tentaremos fazer tudo ao nosso alcance para pôr um fim à matança de civis e ao seu sofrimento na cidade”, lia- -se no comunicado.
Desde que começaram os grandes avanços do regime, na segunda semana de novembro, já cerca de 25 mil pessoas escaparam dos bairros rebeldes, de acordo com as Nações Unidas. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas morreram nas últimas semanas, mas a ONU estima que o número ande pelas centenas.
O regime sírio recusa permitir a entrada de ajuda humanitária na cidade. Ontem, seis líderes mundiais assinaram uma carta conjunta pedindo uma trégua para Alepo: Barack Obama, presidente dos EUA; Theresa May, primeira-ministra britânica; Matteo Renzi, primeiro-ministro demissionário da Itália; François Hollande, presidente francês; Angela Merkel, chanceler alemã; e Justin Trudeau, primeiro-ministro canadiano.