O homem e a mulher que em novembro do ano passado mataram um jovem de 16 anos em Vila Real – por este ter ameaçado denunciá-los à polícia por vários crimes – foram ontem condenados a penas de prisão de 20 e 25 anos.
O coletivo de juízes considerou que Sónia Mendes, de 31 anos, foi a mandante do homicídio e decidiu aplicar-lhe a pena máxima, mais cinco anos do que foi aplicado ao assassino, Miguel Brito, de 19 anos.
Em tribunal ficou provado que, após ter sido influenciado pela mulher, com quem mantinha uma relação, Miguel Brito agrediu violentamente a vítima, de quem era amigo, com uma frigideira na cabeça, tendo depois estrangulado o jovem de 16 anos com um cinto.
Em causa estariam as recentes ameaças de Tiago Gonçalves – que era namorado da filha da arguida – de que iria contar à polícia que os dois agressores tinham cometido crimes e revelar ao marido de Sónia a relação extraconjugal desta com Miguel Brito.
Além da pena de prisão efetiva, ambos terão de pagar uma indemnização à família da vítima de 122 mil euros. O jovem assassinado estava institucionalizado num lar da Santa Casa da Misericórdia de Chaves.
Pena mais pesada para mandante Apesar de não ter sido Sónia Mendes a matar a vítima, o tribunal considerou que esta foi a principal responsável uma vez que instigou o crime, enquanto o homicida recusou até ao último momento levar o plano traçado por diante.
Miguel é mesmo descrito na decisão final como um homem violento, mas que resistiu até ao dia do assassinato.
Por outro lado, os juízes caracterizaram a mandante como uma mulher capaz de manipular, fria, calculista e que planeou tudo com consciência do desfecho. Desde o início do julgamento – que começou em novembro deste ano –, a arguida decidiu não revelar grandes pormenores, negando sempre qualquer intervenção na morte do jovem.
Admitiu os outros crimes Perante o coletivo de juízes, Sónia admitiu desde o início o seu envolvimento nos roubos – que a vítima ameaçou denunciar – e na profanação e ocultação do cadáver de Tiago Gonçalves.
Uma postura muito diferente da do seu companheiro, que admitiu ter matado o amigo, assegurando que a pressão para que o crime fosse cometido foi feita pela mulher.
Ontem, quando foi lido o acórdão, o juiz deixou claro que a pena de 20 anos teve em conta que Miguel assumiu os factos e demonstrou que estava arrependido pelos seus atos. O tribunal não deixou, porém, passar em branco o facto de o seu irmão ter sido igualmente condenado por um homicídio. Nesse outro crime, cometido na Régua, o familiar de Miguel matou uma jovem e enterrou–a de seguida.
O que aconteceu no dia do crime Após matarem Tiago Gonçalves, Sónia e Miguel começaram a analisar qual a melhor forma de se verem livres do corpo.
A investigação descobriu que primeiro esconderam o cadáver debaixo de um colchão, algo que teria de ser provisório.
“Posteriormente, pretendendo desfazer-se do cadáver, colocaram-no na banheira da casa, queimaram-no usando gasolina e enterraram-no num quintal”, referia a acusação do Ministério Público.
O corpo viria a ser descoberto um mês depois de ser enterrado.
Escondeu corpo com a filha Segundo o tribunal, uma das muitas coisas que impressionam neste caso – e que demonstram bem a frieza da arguida – é o facto de esta ter levado a sua filha, de 13 anos, para estas tentativas de ocultação do cadáver do namorado.
Além da relação amorosa entre Sónia e Miguel, os dois arguidos formavam uma dupla que terá assaltado por esticão diversas mulheres durante o ano passado em Chaves, Lamego, Vila Real e Peso da Régua.