Ricardo Araújo Pereira criticado por declarações feitas ao i [vídeo]

Ativista dos direitos LGBT escreve carta aberta ao humorista

O humorista que anda a ‘promover’ o seu novo livro em várias entrevistas à imprensa, sublinhou em conversa com o i que muitos dos sketchs dos ‘Gato Fedorento’ não poderiam ser feitos. E a última polémica da net prova que não poderiam mesmo.

Na sua entrevista ao i, Ricardo Araújo Pereira contou uma história sobre um homem que entra num bar [expressão que faz parte do título do seu livro] que parece não ter agradado ao ativista dos direitos LGBT Paulo Côrte Real que não gostou que o humorista tivesse usado expressões como “mariconço” e paneleirices”.

“Há pouco tempo uma pessoa que eu admiro muito contou-me a seguinte história: foi a um bar e pediu um gin tónico. O empregado disse-lhe que só tinha os copos normais e que não tinha aqueles balões “cheios de paneleirices”. Ao que o meu amigo respondeu: “fico ofendido que diga paneleirices que eu sou paneleiro e isso ofende-me”, e o homem desfez-se em desculpas”, afirmou Ricardo Araújo Pereira, acrescentando: “Quando há gente que diz ‘estes gins cheios de paneleirices’, quem é que associa isso a homossexual?”

No jugular, um blogue com vários autores como Fernanda Câncio e João Galamba, Paulo Côrte Real escreve uma espécie de carta aberta intitulada: “Ricardo Araújo Pereira e umas paneleirices minhas”.

“Sempre que oiço falar em paneleirices, acho que é sobre mim. Ou mesmo em 'mariconços'. Sabes porquê? Foi de ouvir tantas e tantas vezes palavras como estas, ao longo da vida toda – e, provavelmente ao contrário de ti, de as ter ouvido mesmo sempre, cada uma delas. É que prestei atenção – porque até soube sempre que eram sobre mim. Sim, ouvi as piadas diárias de pessoas que infelizmente não são humoristas, as piadas sistemáticas de pessoas que até são humoristas mas não particularmente inteligentes ou sensíveis ou empáticas ou capazes de compreender o mundo em que vivem – e não te estou a incluir nesta lista”, escreveu Côrte Real.

O ativista explica que passou por muitas coisas e que por isso pode “falar à vontade de paneleirices” e dizer coisas como: “paneleiro é comigo”. (…) “As pessoas que usam a palavra nem sempre pensam no conteúdo. Mas eu penso sempre nele, porque aprendi – porque sei – que a palavra é sobre mim”.

Apesar destas críticas, Paulo Côrte Real também faz elogios a Ricardo Araújo Pereira, lembrando as contribuições do humorista na apresentação dos Prémios Arco-Íris todos os anos.

E termina o texto com uma sugestão para a próxima apresentação: “Espero que este ano nos Prémios, supondo que a tua adesão se mantenha, haja boas piadas do Ricardo Araújo Pereira não sobre o Arroja ou sobre o Trump, mas sobre o Ricardo Araújo Pereira, mesmo. Tipo dizer que não deves dizer que és um 'mariquinhas a ir dar sangue' – até porque os maricas como eu não podiam dar sangue até este ano. Mas vou deixar o humor para ti, porque confio que sabes que o poder que tens traz responsabilidade – e que a nossa liberdade também a exige”.

Relembre a entrevista ao i

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