As autoridades policiais moçambicanas confirmaram, na quinta-feira, em conferência de imprensa, que Valentina Guebuza, filha do antigo presidente do país, foi assassinada pelo marido, após uma discussão na residência do casal, em Maputo.
A polícia informou que ouviu o barulho de disparos vindos da residência da empresária e de Zófimo Muiuane, por volta das 21 horas (23h em Portugal) do dia anterior, e quando chegou ao local encontrou Guebuza deitada no chão, com quatro perfurações de balas no corpo.
Conforme disse ao i fonte próxima da família, a vítima ainda foi transportada com vida para o hospital, mas acabou por não resistir aos ferimentos. Muiuane foi imediatamente detido no local do crime.
De acordo com o jornal moçambicano “O País”, as autoridades não quiseram dar muitos pormenores sobre o motivo dos disparos, pelo que apenas indicaram que os mesmos se deveram a “divergências conjugais”. Face ao crescimento dos rumores, nas redes sociais moçambicanas, de que Muiuane se teria suicidado, após o crime, a polícia fez questão de esclarecer que tal não corresponde à verdade e que aquele se encontra encarcerado numa prisão da capital de Moçambique.
A filha de Armando Guebuza – chefe de Estado entre 2005 e 2015, sucessor de Joaquim Chissano e sucedido pelo atual presidente, Filipe Nyusi – tinha 36 anos e estava casada com Zófimo Muiuane, há pouco mais de dois anos. Formada em Engenharia Civil, numa universidade sul-africana, Valentina da Luz Guebuza era uma conceituada empresária do continente africano. Tanto é que, em 2013, surgiu na 7ª posição de uma lista elaborada pela revista Forbes, sobre as 20 jovens mulheres mais poderosas de África.
Atualmente presidia ao conselho de administração da Focus 21, uma empresa familiar de investimento, com interesse nos setores das telecomunicações, dos transportes, da banca, do imobiliário, das pescas e da extração mineira e estava igualmente envolvida, através da companhia, em projetos no Porto da Beira e na área da comunicação, ocupando uma posição de destaque na StarTimes, uma empresa televisiva financiada com capital chinês.
A sua influência na sociedade moçambicana valeu-lhe mesmo a eleição para o Comité Central da Frelimo, em 2012. Várias figuras ligadas ao partido aproveitaram a sessão plenária na Assembleia da República de quinta-feira para lamentar a morte de Valentina. De acordo com o “País”, é consensual entre as personalidades políticas que condenaram o assassinato, que a tragédia põe em evidência a necessidade de se investir mais no combate à violência doméstica em Moçambique.