Movimento transatlântico de subida

Aumentos  dos juros e retirada de estímulos pela Fed sobe pressão sobre política do BCE.  Inflação está em alta.

A Reserva Federal norte-americana (Fed), o banco central da maior economia do mundo, decidiu quarta-feira aumentar em 0,25% o intervalo das taxas de juro de referência para 0,50% a 0,75%. Ao mesmo tempo sinalizou mais três subidas em 2017. 

Na última reunião do ano, a equipa presidida por Janet Yellen ao fim de dois dias de reunião e tal como esperado por mercados e analistas, decidiu por unanimidade o único aumento que fez em  2016,  retirando as taxas de referência de mínimos em que estavam desde 2008.

Probalibilidades 
A Fed sustenta que a evolução será gradual e as suas projeções apontam para o limite máximo do intervalo em 1,4% no final de 2017.
A próxima reunião será a 1 de fevereiro de 2017 e os mercados de futuros das taxas de juro apontam para uma probabilidade de 51,1% de subida dos juros da Fed para o intervalo entre 0,75% e 1% na reunião de 14 de junho. Uma subida para o intervalo entre 1% e 1,25% na reunião de 20 de setembro tem uma probabilidade de 36%. 
Os analistas sustentam que esta decisão é uma «normalização» mais rápida das taxas de juro da Fed e que esta serve para contrabalançar a política orçamental expansionista e de desregulação financeira que deverá ser seguida pela futura administração norte-americana.

«Estamos todos a trabalhar sob uma nuvem de incerteza(…) há uma incerteza considerável sobre como vai evoluir a política económica», disse Janet Yellen no dia do anúncio.
«Com uma taxa de desempergo de 4,6% (…) diria que um estímulo orçamental não é obviamente necessário», acrescentou a líder do Fed, ao mesmo tempo que dizia não estar a “dar conselhos” à nova administração sobre a qual “deve ser a melhor política” a seguir.

A expetativa é que a política de Donald Trump, com baixa de impostos e um programa de investimento em infarestruturas, faça subir a inflação. A Fed antecipa que esta deva subir gradualmente de 1,5% em 2016, para 1,9% no ano seguinte, chegando aos 2% (meta da política monetária) em 2018. 
Esta é a mesma meta do BCE e dados do Eurostat de ontem revelam que o índice dos preços no consumidor subiu 0,6% em novembro, quando em outubro estava em 0,5%. 

Evolução 
Apesar de ainda longe do ambicionado pelo BCE – abaixo mas perto dos 2%, um nível onde assegura a estabilidade dos preços e da economia –, há um ano a taxa de inflação estava nos 0,1%.
Esta decisão da Fed, e o fim dos estímulos monetários agendada pelo BCE, é cada vez mais garantido que fará subir os juros e aumentar a pressão sobre a divída pública portuguesa.