Os acionistas do BCP já aprovaram o aumento do limite de votos, depois de os chineses da Fosun terem aumentado a participação para 16,7% e terem dito que estão interessados em conseguir mais. A Sonangol, de Isabel dos Santos, também já pediu ao Banco Central Europeu (BCE) para ter mais poder de voto.
A decisão deveria ter sido conhecida no dia 21 de novembro, mas a ausência de resposta do banco central adiou a votação para esta segunda-feira. A proposta foi aprovada com 99,7% dos votos. Isto significa que, os acionistas podem agora votar com uma participação de até 30% e não de 20%, como acontecia até agora.
O presidente do BCP, Nuno Amado já veio dizer que estão “criadas as condições para o banco ter uma base de acionistas algo mais forte e de acompanharem a evolução do banco. Nesse sentido, avaliaremos as consequências desta votação”. O responsável disse ainda que, a tomada de medidas necessárias será feita “rapidamente e bem, no sentido da defesa dos interesses do banco, dos seus acionistas e clientes”.
Sabadell sai do BCP
Esta AG ocorre depois do anúncio do Sabadell, acionista de referência, do banco liderado por Nuno Amado, em querer sair do capital da instituição financeira, após 16 anos. Este “abandono” é justificado pelo banco espanhol com a entrada do grupo Fosun. “Com a entrada da Fosun, só nos restava aumentar a nossa participação ou retirar-nos da corrida ao controlo do BCP”, revelou, acrescentando ainda “como os chineses querem aumentar a sua participação, o razoável é nós reduzirmos a nossa”.
A explicação é simples: os chineses da Fosun, ao assumirem uma posição de 16,67%, o segundo maior acionista passou a ser a Sonangol que viu a sua posição diluída para os 14,87%. Já o Sabadell, que era o segundo maior acionista atrás da Sonangol, com a entrada da Fosun desceu para a terceira posição, com uma participação de 4,1%. O BCP perdeu assim um dos acionistas de referência, que passam agora a ser quatro.
O banco espanhol passou a contar apenas com uma participação de 0,14% do capital social da instituição financeira portuguesa, tendo assumido com o Citi “um compromisso de não alienação (lock-up), sem o consentimento prévio por escrito do Citi, por um período de 90 dias.
Contrapartidas
O que é certo é que a pouco e pouco, as exigências do grupo chinês foram sendo cumpridas pelo BCP. Os acionistas já aprovaram, na última assembleia-geral, o alargamento do conselho de administração do banco dos 20 para os 25 membros. Só foi adiado um dos pontos da agenda, que previa aumentar o limite de votos dos 20% para os 30%, uma questão que foi aprovada esta segunda-feira
A fusão das ações do banco era outra das reivindicações do grupo chinês e a operação acabou por ser levada a cabo no passado dia 24 de outubro, altura em que cada 75 títulos foram fundidos num só. Esta operação, denominada reverse stock split, teve como objetivo aumentar o valor unitário das ações.
Mas para os investidores, além do valor da ação, pouco mudou. Ou seja, o valor dos investimentos em carteira não sofre alterações. No entanto, esta operação não tem sido suficiente para travar a queda dos títulos. E a reorganização de capital que deu força à Fosun deixou vários investidores sem vontade de deter ações do BCP.
Assim que os espanhóis do Sabadell anunciaram a venda da sua participação no capital do banco de Nuno Amado, os títulos caíram mais de 12%, a maior queda desde a semana da resolução que acabou com o antigo Banco Espírito Santo e criou o Novo Banco e o ‘banco mau’ para gerir os ativos. A pouco e pouco as ações do BCP foram invertendo esta tendência a na última semana já voltaram aos ganhos.
Os títulos seguem agora a cair 1,70% para os 1,13 euros por ação.