Irmão de Marcelo Rebelo de Sousa na administração do Haitong

Decisão foi anunciada, na sexta-feira, no Conselho de Administração do banco de investimento 

Pedro Rebelo de Sousa, irmão do Presidente da República, prepara-se para entrar na administração do Haitong Bank, antigo banco de investimento do Grupo Espírito Santo. 

Há cerca de um mês, o i tinha avançado que o irmão de Marcelo, que é também um dos sócios principais da sociedade de advogados SRS Legal, estava em negociações para entrar na administração de um banco de capital chinês, mas foi desmentido. No entanto, na passada sexta-feira, no Conselho de Administração do Haitong, foi comunicado que as negociações estão concluídas e que Pedro Rebelo de Sousa vai mesmo ser administrador desta instituição.

O facto de Pedro Rebelo de Sousa ser irmão do Presidente da República, como o i noticiou há um mês, foi um dos fatores valorizados pelos acionistas chineses – que não se incomodam muito com as questões da separação de poderes e com os conflitos de interesses mais valorizados no Ocidente. 

Mas esta não é a única mudança no antigo BESI. Depois de Ricciardi ter decidido sair do banco chinês três meses antes de findar o mandato e de outros três administradores do ex-BESI também terem decidido sair – Rafael Valverde, Félix Aguirre Cabanyes e Frederico Alegria –, há mais uma baixa de peso: David Hobley anunciou a demissão no final da semana passada.

Fontes ligadas ao processo garantem que o motivo da saída do inglês é o facto de não concordar com a estratégia que está a ser pensada para o banco de investimento. 

Hiroki Miyazato, até aqui chairman do banco, passou também a assumir a presidência executiva do Haitong Bank  após a saída de José Maria Ricciardi. A continuidade da gestão do banco será assim assegurada pela atual comissão executiva do conselho de administração, sob a responsabilidade de Miyazato que vai acumular funções até ao final do seu mandato, em março de 2017.

Ricciardi, o único banqueiro do clã Espírito Santo que estava ainda no ativo, apresentou a demissão do cargo de CEO, assumindo divergências com Miyazato, pondo fim ao seu percurso de liderança de 14 anos à frente desta instituição. As razões de rutura entre os dois já não eram novas, mas ganharam maior dimensão nos últimos meses. Ricciardi acreditava que o banco de investimento precisava de um reforço de capital para ganhar operações, uma visão que não contou com o apoio de Miyazato. O banqueiro terá admitido que estaria disponível para continuar no cargo desde que o chairman fosse outro. Miyazato é o responsável máximo do Haitong na Europa e nos Estados Unidos e deputy CEO da casa-mãe e, como tal, tem a confiança plena do acionista. 

  A juntar a todas as mudanças e saídas, a verdade é que o banco atravessa tempos complicados: nos primeiros nove meses dos ano apresentou um resultado líquido negativo de 21,4 milhões de euros.