O ministro alemão do Interior anunciou na manhã desta terça-feira que o homem capturado na segunda-feira depois de um camião ter matado 12 pessoas e ferido outras 48 num mercado de Natal em Berlim é um requerente de asilo paquistanês que chegou à Alemanha no final do último ano.
Thomas de Maizière diz também que o seu processo de asilo não está terminado, que o homem tem apenas uma autorização temporária de residência e que não há certezas sobre se era ele atrás do volante na noite de segunda-feira.
O homem, capturado a quase dois quilómetros do local do atentado, nega qualquer responsabilidade. Thomas de Maizière não confirmou as notícias avançadas pela imprensa alemã, segundo quem o suspeito tem 23 anos e chegou à Alemanha pela rota de requerentes de asilo nos Balcãs.
Depois da sua conferência de imprensa, ao final da manhã, o jornal alemão “Die Welt” avançou que o verdadeiro autor do atentado continua a monte e está armado, citando fontes policiais não identificadas. As autoridades não confirmam esta indicação.
Maizière afirma também que há obstáculos de língua no interrogatório do suspeito, identificado apenas como Naved B. O homem detido fala Baluchi, um dos quatro dialetos paquistaneses para o qual as autoridades ainda não encontraram um tradutor.
A investigação adianta que o homem encontrado baleado no interior do camião estava morto antes do ataque. Trata-se de um cidadão polaco, país da origem do veículo, que na segunda-feira foi dado como desaparecido. Aponta-se para a possibilidade de ter sido morto pelo atacante, que roubou em seguida o camião.
Angela Merkel, a pouco mais de meio ano das eleições legislativas em que se candidata a um quarto mandato, falou na manhã desta terça-feira. “Temos de assumir que estamos a lidar com um ataque terrorista”, disse aos jornalistas, vestida de luto. A chanceler ressalvou, contudo, que “há pouco sobre isto que sabemos com certeza”.
Mas Merkel teve de responder perante a possibilidade de o atacante ter sido um de entre as centenas de milhares de requerentes de asilo que entraram no país em 2015. “Seria particularmente difícil lidarmos com essa ideia, caso se confirme que a pessoa que cometeu este crime tenha pedido proteção e asilo na Alemanha”, disse.
“Isso seria particularmente repugnante para os muitos, muitos alemães que se dedicaram dia após dia a ajuda refugiados e para as muitas pessoas que realmente precisam da nossa proteção e tentam integrar-se no nosso país”, avançou.
O partido nacionalista alemão Alternativa para a Alemanha disse durante a manhã que o atentado foi “não só um ataque contra a nossa liberdade e modo de vida, mas também contra a nossa tradição cristã”. Nigel Farage, ex-dirigente do partido britânico antimigração UKIP, disse que “acontecimentos como este serão a legacia de Merkel”.