Ontem houveram atentados terroristas em Berlim, em Zurique e em Ancara. A reação nos mercados financeiros que eu esperaria seria: as bolsas a descer, porque o terror pode assustar as pessoas e levar a menos consumo privado, afetando assim a economia e os lucros das empresas; as taxas de juro a descer porque as pessoas querem segurança nos seus investimentos, e assim compram dívida pública fazendo descer as taxas de juro (nos títulos de taxa fixa, se a taxa de juro desce o valor do título sobe, e vice-versa); e o dólar, moeda-refúgio, a subir face ao euro. Mas, de facto, o que está a acontecer?
Só o mercado cambial está a reagir como seria de esperar, com o dólar a apreciar-se face ao euro. Às 10.00 horas os mercados de dívida pública, em vez de terem as taxas a descer, estavam todas a subir (e fico curioso para saber onde está a ser aplicado esse dinheiro das vendas de dívida pública); e as bolsas estavam a subir, só com Londres a descer e Frankfurt inalterada.
Podem sempre advir consequências positivas destes atentados, como a morte do embaixador russo na Turquia poderá ditar uma reaproximação entre os dois países, muito frias desde que os turcos abateram um caça russo que violou o seu espaço aéreo por 17 segundos (!), matando um dos pilotos.
Mas a verdade mais lata é que os europeus se estão a habituar a viver com o terror. Atentados em pequena escala, diferentes, por exemplo, do 11 de Setembro, já impressionou pouco as pessoas não diretamente atingidas. E, nunca se esqueça: os mercados financeiros são os comentadores políticos mais cínicos do mundo.