Segundo o Jornal de Negócios, Santos Silva advertiu que: (…) não podemos ser levados pela euforia, e não podemos desvalorizar a importância de continuar um esforço de consolidação orçamental (…)”
Francamente, estas palavras, que denotam uma inflexão estratégica do PS, agradaram-me. Apesar de, segundo o que António Costa disse ontem, o défice orçamental de 2016 ir ficar abaixo de 2,5% do PIB, há a consciência que esse não é o fim do caminho, apenas mais uma etapa percorrida com sucesso. O PS de Costa percebeu, apesar de fazer parte da geringonça, que para se manter no poder tem de surgir aos olhos dos portugueses como o partido do realismo social e da responsabilidade orçamental. E quem havia de o anunciar senão Santos Silva, um dos ministros mais políticos deste governo.
O discurso prosseguiu na mesma linha: “(…) é preciso manter o esforço (…)”. Além disso, “Precisamos de progredir, e muito, na inovação e na qualidade da organização e da gestão do nosso tecido económico, precisamos de progredir muito do ponto de vista da coesão territorial e do ponto de vista da coesão social.” Para melhorar a qualidade do nosso tecido económico sugiro que as empresas contratem MBA´s de boas escolas (Nova/Católica, Porto Business School). Conheço um que está imediatamente disponível.
Em suma: foi um discurso sóbrio e intelectualmente honesto. Em vez de se gabar dos últimos números trimestrais do PIB, estilo Sócrates, Santos Silva enfatizou a disciplina orçamental que tem de continuar e o quão longe ainda estamos do desejável do ponto de vista empresarial e social. A minha convicção é que este tipo de discurso resulta bem, porque os eleitores não gostam de serem tratados como crianças, preferem ouvir a verdade.