Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular (JP), é fácil de entender, gosta de estar no olho do furacão e tudo faz para que a JP conquiste o seu espaço no CDS, mesmo que seja com medidas impopulares. “Um deputado da Juventude Popular frequenta os meios de todos os jovens portugueses e tem presentes as suas preocupações. A voz de um deputado da JP é irreverente, desinstalada e o seu primeiro compromisso são os jovens, independentemente da sua filiação”, afirmava há meses ao i. Se é verdade o que diz, não deixa de ser surpreendente que tantos jovens queiram discutir a abstinência sexual. Independentemente do número de adeptos da causa, Santos tem a coragem de puxar um tema tão sensível ao partido, pois já em 1982 um deputado do CDS, João Morgado, ficou célebre e eterno por afirmar, a propósito da legalização do aborto, que o “acto sexual é para ter filhos”, levando a histórica Natália Correia a responder-lhe em forma de verso: “Já que o coito – diz Morgado – tem como fim cristalino, preciso e imaculado fazer menina ou menino; e cada vez que o varão sexual petisco manduca, temos na procriação prova de que houve truca-truca. Sendo pai só de um rebento, lógica é a conclusão de que o viril instrumento só usou – parca ração! – uma vez. E se a função faz o órgão – diz o ditado – consumada essa excepção, ficou capado o Morgado”.
Digamos que o sexo puxa o CDS mais para o lado da não concretização do que para a prática do mesmo, contribuindo para todas as polémicas, pois é bem mais fácil defender o truca-truca, usando a expressão de Natália Correia, do que a abstinência.
Francisco dos Santos do alto dos seus 28 anos não gosta de comprar só guerras com o exterior, já que também no partido não foge de uma boa ‘guerra’. O melhor exemplo foi o convite que endereçou a Manuel Monteiro aquando dos festejos do 42.º da JP. É caso para dizer que se a função faz o órgão, Santos não vai ficar sem voz.