O “Boxing Day” mexeu mais com o West Ham do que seria de esperar, tendo em conta que o histórico clube de Londres vive longe das suas épocas de ouro – nunca foi campeão de Inglaterra, mas já venceu a Taça por 3 vezes e conquistou, em 1964/65, a extinta Taça dos Vencedores das Taças. Agora foi o nem sempre insuspeito “The Sun” a trazer a público o interesse da Red Bull na aquisição do clube.
Diz o tablóide que tudo caminha para um “takeover”, embora tal tenha sido imediatamente recusado por David Gold e David Sullivan, os dois principais proprietários do West Ham United. “Podemos, quando muito, admitir a venda de algumas ações de forma a fazer frente a dívidas, não mais do que isso”, declarou David Sullivan, ontem, ao “Independent”.
A imprensa inglesa, na sua generalidade, especula com a possibilidade de venda do clube (surgiram recentemente notícias sobre o interesse de uma “holding” chinesa) por valores que rondariam os 200 milhões de libras. A recente mudança dos “Hammers” do Boleyn Ground, mais conhecido por Upton Park, para o Estádio Olímpico de Londres, com muito maior capacidade, está na génese do possível interesse da Red Bull, na perspectiva de uma visibilidade bem maior da marca.
Pela Europa…
Há muito tempo que a aproximação da Red Bull a um clube da “Premier League” tem sido comentada. Afinal, a empresa de bebidas energéticas já tem clubes na Áustria, na Alemanha, nos Estados Unidos e no Brasil. Além disso, espalha-se pelos mais diversos desportos, desde a Fórmula 1 ao surf e ao esqui.
A primeira experiência no futebol surgiu na Áustria, com a aquisição do Salzburgo, em 2005, seguindo-se o SVV Markrandstadt, na Alemanha, dois anos mais tarde. Ao contrário da federação austríaca, a federação alemã não permite que clubes da Bundesliga tenham nomes de marcas. Um pormenor obviado pelo novo baptismo do Markrandstadt: RasenBallsport Leipzig – RB para o grande público, com os dois touros vermelhos no emblema. Nada de mais óbvio.
Por seu lado, a UEFA impede que mais do que um clube pertençam a um só proprietário, sob o risco de confrontos “entre irmãos” nas provas europeias. Algo que também é contornado pela compra de ações suficientes para que quem as adquira tenha voz activa no marketing, nos patrocínios e até no “naming” dos estádios.
Depois de ter transformado os New Jersey Metro/Stars em New York Red Bulls, a marca avançou para o Brasil, onde fundou o Red Bull Brasil, com sede em Campinas, Estado de São Paulo. Também no Gana existiu um clube com o mesmo nome mas que viveu apenas entre 2008 e 2014. Tendo em conta os bons resultados obtidos pelo Red Bull Salzburgo e a grande época que o RB Leipzig está a fazer na Bundesliga, é natural que a ambição cresça e nada como vitórias no campeonato inglês para dar prestígio duradouro.
Pelo mundo…
É impressionante o número de modalidades e desportistas apoiados pela Red Bull um pouco por todo o mundo. Uma breve consulta dá-nos a Ajo Motorsport, uma equipa finlandesa de Moto2 e Moto3 (na qual corre o português Miguel Oliveira), a Red Bull München, equipa alemã de hóquei no gelo, a Hansen Motorsport, em rally, ou a Olsbergs MSE, a Skoda Motorsports, a Volkswagen Motorsports, a JMB Racing, Citroen World Rally Team, a Triple Eight Engineering e por aí fora nas mais diversas variedades das corridas automóveis. Bem como o apoio a atletas tão díspares como Jason Polakow, windsurf, Brian Grubb, wakeskating, Viktoria Rebensburg, esqui, Louis Vito, snowbording, Nils Jakob Hof, remo, Andy Farrington, skydiving, Steel Lafferty, vela, Rickie Fowler, golfe, Sam Oldham, ginástica, Britte Büthe, volei de praia, e um nunca mais acabar de modalidades mais ou menos radicais.
Levar David Gold e David Sullivan a venderem a maioria dos seus 85% (em conjunto) do West Ham, parece ser a mais recente ambição do milionário austríaco de origem croata, Dietrich Mateschitz, que mudou a vida após uma viagem à Tailândia.
Foi lá que experimentou uma bebida criada por Chaleo Yoovidhi – que se tornou seu sócio – à base de estimulantes como inositol e taurina, com uma dose de cafeína três vezes maior do que qualquer refrigerante consumido na Europa. Hoje factura anualmente mais de 21 mil milhões de euros.