O que é um banco bem gerido

Apesar de eu não ser acionista, mas apenas cliente, e de não receber qualquer vantagem por esta crónica, quero afirmar que, na minha opinião, o BPI é um banco bem gerido, o melhor dos bancos de grande e média dimensão que atuam em Portugal.

Hoje é uma boa ocasião para falar deste assunto, pois o Diário de Notícias destaca que os bancos já pagaram ao Estado 1.280 milhões de euros em juros, vindos, na quase totalidade, do dinheiro que a troika emprestou para que não houvesse problemas na banca nacional. Note-se que, apesar do Estado receber juros dos bancos, também tem de pagar dinheiro à troika pelo montante emprestado para ajudar os bancos.

Os bancos que recorreram a estes empréstimos foram o BCP, o BPI, a CGD e o Banif. Não pediram dinheiro emprestado o BES (o qual, como se viu mais tarde, não precisava…), o Santander Totta, porque a casa-mãe espanhola pediu dinheiro ao empréstimo que a troika fez à banca do país vizinho, e o Montepio, que, segundo o Público de hoje, também está a braços com a justiça.

A minha relação comercial com o BPI já dura há vinte anos. Começou porque o antigo Banco Fonsecas & Burnay era o único que não cobrava “guarda de títulos”, uma comissão que o banco cobra aos clientes por este deter ações. Entretanto, o BFB foi comprado pelo BPI, passados alguns anos passaram a cobrar guarda de títulos, mas mantive-me como cliente. Porquê? Por seis razões que passo a enumerar.

Primeiro, porque não pagam as melhores taxas de juro, o que significa que têm acesso a outras fontes de financiamento para além dos clientes.

Segundo, dos bancos que pediram dinheiro ao Estado, o BPI é o único que já pagou a totalidade do empréstimo ao Estado, evitando assim pagar pesados juros.

Terceiro, porque são os mais transparentes: há uns anos, eram os únicos que publicavam a carteira detalhada dos seus fundos de investimento e PPR´s, permitindo aos clientes saberem exatamente o que estavam a comprar.

Quarto, porque é um banco à moda antiga, que assenta as suas relações com os clientes na confiança: há uns anos, quando eu quis comprar um produto um pouco mais complexo, a funcionária do balcão telefonou e depois passou-me o telefone para a sala de mercados, podendo assim concluir a transação.

Quinto, porque foram pioneiros na banca eletrónica. Desde o início que as transferências nacionais via internet são gratuitas. Por isso, em relação a outros bancos, já ganhei uns cobres.

E sexto, porque dizer mal da concorrência dá direito a processo disciplinar.

Já sei que vou ser criticado por destacar um banco entre os restantes (quanto é que os tipos te pagaram?, etc). Mas esta é uma coluna de opinião, pelo que nada de me impede de dar a minha opinião fundamentada sobre a banca portuguesa. Escrevo este texto para as pessoas que têm menos literacia financeira do que eu. Ficarão, espero, mais esclarecidas.