As urgências dos hospitais começam a não dar conta da procura. Ontem, durante a tarde, os bombeiros do Pinhal Novo emitiram um aviso à população nas redes sociais, informando que as urgências do Hospital de Setúbal estavam sobrelotadas e não iam atender mais pessoas até às 20h. A corporação recomendava aos cidadãos em situação de emergência que contactassem o 112, para que todos os casos destinados à urgência geral fossem “redirecionados para hospitais alternativos”.
Se o aviso no Facebook é insólito, a rutura dos serviços de urgência nesta altura do ano parece ser cíclica. O i procurou um esclarecimento junto do centro hospitalar, sem sucesso. Fonte da unidade confirmou, porém, que todos os pedidos estiveram durante a tarde a ser direcionados para outros hospitais, como o do Barreiro, depois de a procura ter aumentado nos últimos dias para 300 atendimentos e não haver médicos suficientes.
A nova plataforma de monitorização em tempo real dos tempos de resposta nos hospitais do SNS permite confirmar o cenário, que está longe de ser exclusivo de Setúbal. Ontem, ao final do dia, havia vários hospitais com horas de espera para doentes urgentes, que devem ser vistos em 60 minutos. Noutros, a espera dos doentes muito urgentes, que deve ser de 10 minutos, superava mais de uma hora.
Pelas 18h, o tempo de espera para um doente urgente em Setúbal (pulseira amarela) era superior a quatro horas. Pelas 20h30, o tempo tinha reduzido a duas, mas no Barreiro subira para quatro horas. Em Faro e Braga, o tempo de espera para doentes urgentes era superior a três horas e em Loures e Vila Franca de Xira ultrapassava duas horas.
No caso dos doentes muito urgentes, vários hospitais excediam os dez minutos recomendados, mas no Garcia da Orta, em Faro e em Santa Maria o esperava-se mais de uma hora. No Porto, Santo António e São João não apresentavam tempos tão excessivos. Já em Gaia, onde têm sido tornadas públicas esperas de horas e foi criado um gabinete de crise, não é possível ter essa informação: o centro hospitalar não a partilha na plataforma criada pelo ministério.
Durante o fim de semana haverá novamente centros de saúde abertos na região de Lisboa e Vale do Tejo, medida da Administração Regional de Saúde na tentativa de descongestionar as urgências. Ontem o Instituto Ricardo Jorge revelou que a atividade gripal está a aumentar mas ainda está numa fase moderada. Contudo, observa-se já uma mortalidade acima do esperado.