O ministro da saúde, Adalberto Campos, em visita ao Centro de Saúde de Sete Rios, considerou “normais” as sete mortes por gripe ocorridas neste ano, explicando que as pessoas que morreram devido à gripe tinham outras patologias associadas. Segundo o ministro “tratava-se de pessoas muito débeis, doentes”.
Isso fez-me imediatamente lembrar da primeira aula que tive no MBA, de Economia 1, com o professor Daniel Bessa, que nos disse: “Podemos pensar que a vida humana não tem preço. Mas não é esse o critério seguido nos hospitais”.
Por isso é que, a partir de certo ponto, não se prologam os tratamentos de doentes terminais (a não ser com cuidados paliativos), ou que não se tenta salvar a vida de fetos com menos de 25 semanas de gestação, patamar a partir do qual se considera valer a pena “investir na vida”.
Segundo narra também o Diário de Notícias, o défice do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentou 57% nos primeiros 11 meses deste ano em relação ao período homólogo de 2015, sobretudo devido ao aumento dos gastos de pessoal resultantes da reposição das 35 horas semanais de trabalho e de novas contratações, (segundo o Público, o ministro afirmou que o SNS nunca teve tantos recursos humanos como agora, devido à entrada de 4.000 profissionais no ano que está a terminar), mas também devido ao aumento de custos com fornecimentos e serviços externos, e com um défice, maior do que o deste ano, que vem de 2015.
Tudo junto, a previsão para o défice do SNS este ano é de 248 milhões de euros, ou cerca de 0,001% do PIB. Basicamente, o SNS tem as contas equilibradas. Isto é espantoso, tendo em, conta que as pessoas vivem cada vez mais tempo e que os medicamentos “de ponta” são cada vez mais caros. Paulo Macedo teve um papel importante no controle de custos, estamos a ver agora o trabalho de Adalberto Campos. O SNS tem de continuar a melhorar, pelos portugueses, e como fator de atração de estrangeiros para dinamizarem a nossa economia. Li algures que alemães que tencionavam gozar a reforma no Algarve mudam de ideias quando sabem que a região não tem médicos especializados em acompanhar pessoas com mais de 80 anos.
Porque, todos nós temos um capital humano (podemos calcular o valor monetário da nossa vida, como sabem as seguradoras). Mas, como nos disse Daniel Bessa, esse valor não é infinito.