Pouco depois das doze badaladas que marcam a passagem do ano, o mundo recebia a primeira má notícia de 2017: um homem armado entrou na discoteca Reina, em Istambul, e matou 39 pessoas. Durante o ataque ficaram feridas 69 pessoas, três delas em estado grave.
E quando a polícia turca falava ainda em caça a este homem, que se pôs imediatamente em fuga e sobre o qual não há até ao momento mais informações, um novo ataque pôs a cidade em alerta.
Um homem armado abriu fogo na mesquita Hasan Pasa, em Istambul, durante uma cerimónia religiosa e, tal como no primeiro caso, conseguiu fugir às autoridades. Duas pessoas ficaram feridas e foram transportadas para o hospital.
Os meios de comunicação turcos garantem que as causas deste último ataque ainda não são conhecidas e que não há para já razão para acreditar que por detrás estejam motivações políticas. Além disso, ainda não está provado que haja uma ligação entre os dois acontecimentos.
Tiroteio no reveillon O primeiro tiroteio aconteceu pouco depois da uma da manhã em Istambul, quando na discoteca, uma das mais conhecidas da cidade, estavam cerca de 700 pessoas. Algumas delas acabaram por se atirar ao rio para fugir ao ataque, tendo sido resgatadas pelas equipas de salvamento que foram chegando ao local.
As autoridades garantem que morreram pelo menos 15 estrangeiros, incluindo cidadãos de Israel, Bélgica, Líbano, Jordânia, França, Tunísia e Arábia Saudita. O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, já diantou que, até ao momento, não há registo de portugueses, mas que o contacto entre as autoridades dos dois países se mantém como permanente.
Segundo avançou o primeiro-ministro turco, o atacante terá deixado para trás a arma, “aproveitando o caos” para fugir. Binali Yildirim adiantou ainda que o atirador não estava vestido de Pai Natal, ao contrário do que as primeiras notícias avançavam.
Apesar do ataque não ter sido ainda reivindicado e não terem sido avançadas mais informações sobre o homem, a comunicação social turca cita testemunhas no local que dizem ter ouvido o atacante falar em árabe, enquanto mostrava uma bandeira do Estado Islâmico.
Caça ao homem O ministro turco do Interior, Suleyman Soylu, acredita que o ataque da madrugada é um ato de terrorismo e garante que as autoridades tudo farão para encontrar o responsável, classificando o que aconteceu como “um massacre, uma selvajaria desumana”. Também o governador de Istambul, Vasip Sahin, fala em ataque terrorista e avançou que o homem, antes de entrar na discoteca, terá morto um polícia e um civil à entrada. “Já lá dentro, fez chover balas, sem piedade sobre as pessoas inocentes que estavam lá apenas para se divertir e celebrar o Ano Novo”.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan também já reagiu, referindo-se aos autores dos ataques como alguém que quer “semear o caos no país”. Para Erdogan, que se manifestou em comunicado divulgado pela presidência, os atacantes “estão a tentar criar o caos, desmoralizar o povo desestabilizar o país com ataques abomináveis que têm como alvo os civis”. Mesmo perante os acontecimentos das últimas 24 horas, o presidente pede calma. “Vamos manter a cabeça fria, mantendo-nos ainda mais unidos, sem nunca ceder a esses jogos sujos”, acrescentou.
Seguindo essa linha, governo turco impôs um black out temporário sobre a cobertura do ataque por parte da comunicação social, alegando que as imagens podem “provocar medo e desordem, servindo assim os objetivos das organizações terroristas”.
Reações ao ataque A condenação do ataque é global e as reações não se fizeram esperar. Barack Obama fez a sua declaração através do porta-voz da Casa Branca, Eric Schultz, na qual se mostrou disposto a dar assistência à Turquia na luta contra o terrorismo.
A chanceler alemã Angela Merkel enviou as suas condolências e referiu que “os terroristas protagonizaram um ataque desumano e perverso sobre pessoas que apenas queriam celebrar o Ano Novo. Vladimir Putin preferiu enviar as suas condolências por telegrama, no qual condena os ataques.
O presidente Francês, François Hollande, denuncia, em comunicado, “e com indignação” o ato terrorista, do qual resultaram três feridos de nacionalidade francesa. Também o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu enviou as suas condolências, confirmando que no ataque terá ficado ferida uma cidadã israelita e uma outra está desaparecida.
O governo português também não se fez esperar e fez questão de exprimir “a sua solidariedade com o povo e as autoridades turcas”, reafirmando a posição de Portugal na luta contra o terrorismo “em todas as suas formas”.
Recorde-se que estes dois ataques acontecem numa altura quem que Istambul tinha reforçado a segurança por causa dos festejos de passagem de ano e, principalmente, devido à ameaça terrorista que se instalou no país há vários meses. Só no último ano morreram 180 pessoas na Turquia vítimas de ataques terroristas.