Pedro Passos Coelho entende que é tempo de “enterrar as políticas de reversão” e esperar que aquelas que já foram realizadas não saiam muito caras a Portugal.
O líder do PSD, num artigo de opinião publicado no número de estreia de uma nova newsleter diária do partido, escreve que “a ambição, como sempre, não está na facilidade nem na demagogia, está antes na coragem para lutar pelo que pode ser difícil, mas que vale a pena”.
Nas palavras de Passos Coelho, é urgente “colocar em cima da mesa uma agenda reformista que relance a ambição para ter um crescimento significativamente maior e para sustentar uma participação europeia de primeiro plano” que ajude Portugal “a ter mais projeção e resiliência no plano global”.
Num registo habitual de crítica à governação de António Costa, Passos entende que o país “tem vindo a desaproveitar as vantagens da política monetária europeia, que produziu custos de financiamento público e privado historicamente muito baixos, sobretudo na área do euro”.
Por outro lado – escreve –, Portugal não soube “tirar partido suficiente das oportunidades associadas a um regime de petróleo mais barato, aproveitando termos de troca mais favoráveis para suportar um aumento das importações dirigidas para o investimento produtivo ou para impulsionar ganhos de quota de mercado no exterior”.
“O problema temporal coloca-se agora porque em nenhuma destas duas situações se espera que os anos que temos pela frente sustentem o mesmo nível de oportunidade, que é como quem diz, o tempo não volta para trás e cada vez temos menos tempo para tirar partido das referidas vantagens”, defende.
No artigo, o ex-primeiro-ministro insiste que Portugal “voltou a uma fase de maior vulnerabilidade” que o fragiliza “perante choques externos”.
“Ora, perante acontecimentos como os que estamos a observar, quer na Europa, quer no mundo, e que apontam para alterações nos equilíbrios conhecidos, aqueles que não se impõem pela força ou dimensão económica, como é o nosso caso, devem, tanto quanto está ao seu alcance, estar preparados e criar espaço adequado para lidar com essas alterações sem ter de pagar um preço muito elevado pelos ajustamentos que tenham de fazer”, diz.
Mas, acentua, não foi isso que se fez e, “mais uma vez, a agenda nacional esteve mais voltada para o cumprimento dos equilíbrios internos da maioria de governo do que para a prevenção de riscos futuros”.
“Claro que 2016 também trouxe boas notícias e notoriedade que ajudam o nosso ego nacional. Mas o futuro não é disso que trata. Quem quer semear para futuro e colher bons resultados tem de orientar as suas prioridades de modo diferente do que temos vindo a observar em Portugal, invertendo as políticas de navegar à vista e preparando uma estratégia de médio e longo prazo que faça sentido. Deixando de lado a encenação mediática e o eleitoralismo, e apostando na transformação séria e mobilizadora da estrutura social e económica”, lembra.
Passos Coelho está convicto de que os portugueses “sabem que, mesmo estando na oposição, o PSD continua a escolher o que é importante para Portugal, numa atitude de responsabilidade”, da qual não abdica.
“Por isso não aceitamos ser cúmplices desta política governativa nem nos calamos perante as escolhas erradas que têm estado a ser feitas. Continuaremos coerentes”, assegura.
E conclui, a reafirmar a urgência de uma agenda reformista: “Se não o fizermos de forma rápida e decidida poderemos ter perdido tempo demais e estaremos a estreitar muito as nossas possibilidades de escolha no curto e no médio prazo, se não mesmo a correr o risco de baixar de divisão no campeonato do progresso e do desenvolvimento”.