A construção dos módulos 4 e 5 do Centro Cultural de Belém vai finalmente avançar. Desejo do presidente Elísio Summavielle agora que está prestes a completar um ano na presidência da fundação e que numa entrevista ao “Público” e à Rádio Renascença garante que “tudo fará” para que aí seja construído um hotel de cinco estrelas com 160 quartos, ao qual se juntará uma nova área comercial e eventualmente novos espaços culturais.
“Há muitos anos que se fala disso mas até hoje, por razões diversas, nunca avançou”, diz Summavielle, que acrescenta ser essa a sua prioridade do ponto de vista financeiro para a fundação, a par de “uma melhoria progressiva da diversidade e da qualidade da oferta culutral”. Para isto será lançado um concurso público ainda este ano e diz o presidente do CCB que gostava que as obras pudessem arrancar já em 2018.
Só esta “iniciativa fundamental”, defende Summavielle na entrevista ao “Público” e à Renascença, permitirá assegurar “a sustentabilidade da casa”, numa altura em que o CCB não tem já a mesma relevância que tinha na década de 1990 e no início do milénio. “Temos de ser realistas em relação a isso. O facto é que muita coisa mudou no país em termos de oferta cultural e, por isso, a relevância que [o CCB] teve não é a mesma [que tem hoje]”, reconhece. “Não tanto pela falta de dinheiro, mas também por alguma diversificação da oferta. É óbvio que houve tempos em que o Estado dava ao CCB 10 milhões de euros por ano – neste momento dá 6,7 – e portanto o que é aplicado em programação depende muito do sucesso da vertente comercial.”
Segundo o presidente do CCB, estão já a decorrer negociações com a autarquia e com o Turismo de Lisboa para encontrar a fórmula mais adequada para a execução do concurso. Mas Summavielle acredita que será um conrato de concessão, concessão e exploração, com investimento da entidade privada que ganhar o concurso. E “já houve pelo menos um ou dois privados que sondaram e se manifestaram interessados num eventual concurso”, disse, sem adiantar mais.
É com a renda que será paga por essa concessão que Summavielle tenciona assegurar a sustentabilidade financeira do CCB, cujo passivo, que na mesma entevista diz já não existir, andava em maio-junho em torno dos 800 mil euros – número avançado pelo próprio, que sucedeu a António Lamas num polémico afastamento levado a cabo por João Soares, então ministro da Cultura. Em causa estava o plano de gestão para o eixo Belém-Ajuda encomendado a Lamas pelo executivo de Passos Coelho, considerado por João Soares “um disparate total” por esvaziar o CCB daquela que deveria ser a sua missão, mas que Lamas insistia em levar por diante.
Disputa que quase um nao depoiscontinua a ter reflexos, como por exemplo o catálogo da mostra que Lamas tinha planeado sobre a Exposição do Mundo Português, levada a cabo por Salazar em 1940, que, garante Summavielle na mesma entrevista, foi cancelada, apesar de o catátolo já estar à venda. A exposição, diz o presidente em funções, “fazia parte de um pacote e não havia ainda compromisso financeiro em relação a isso”, diz na entrevista publicada ontem. “Houve cerca de 3,7 milhões de euros investidos no Por Lisboa que compreendiam todas estas iniciativas dos quais não houve nenhum retorno para o CCB. Ainda.”